quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Relatório: "Fazendo Música com Tudo" Manoel Ribas

BOLSITAS: Marinês Rocha Schulte Duarte, Maurício Strapação e Vinícius Stein.

ESCOLA: Colégio Estadual Manoel Ribas

TURMA: 2°A TURNO: Manhã

No desenvolvimento da pesquisa participante[1], optamos em organizar uma oficina em três blocos/módulos que proporcionassem aos oficinandos o contato com diferentes formas do fazer musical tanto na prática, quanto no conhecimento de grupos que utilizam fazerem distintos.

Com intuito de atingirmos um número maior de alunos e trabalharmos com o Ensino Médio nesta segunda etapa, entramos em contato com a Professora Carime, do colégio Estadual Manoel Ribas, para oferecer a oficina como parte integrante das aulas de Arte.

No primeiro semestre a oficina desenvolveu-se com alunos do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Ana Vanda Bassara, em horário contrário ao turno do ensino regular, em 24 aulas. No segundo, tendo em vista a nova faixa etária dos alunos envolvidos com as propostas e o calendário escolar, reavaliamos o planejamento executado anteriormente e adaptamos as propostas para o novo público e o cronograma para 12 aulas.

Trabalhamos em bloco como no primeiro semestre, apenas invertemos as ordens, pois reavaliando o desenvolvimento da oficina realizada anteriormente, concluímos que seria interessante fazer o caminho inverso: iniciar com as possibilidades da Pedagogia Musical Contemporânea, que segundo Cunha e Gomes[2] (2011) contempla a diversidade de estilos e gêneros e um ensino musical que contempla a variedade de métodos e processos. Zagonel (1999, Sem paginação) destaca que a música contemporânea “[...] tem um papel fundamental na educação musical, pois ela permite que se trabalhe com todo o mundo sonoro descoberto pela criança quando ela era ainda pequena.”

Neste sentido, o primeiro bloco foi organizado e ministrado pelo bolsista Vinícius Stein. O contato com a turma deu-se através de questionamentos sobre a expectativa dos alunos com o desenvolvimento de uma oficina sobre música. O ponto de partida par a conversa foram duas questões feitas na oralidade: “Qual seu o tipo de música preferida?” e “Pra você qual a matéria-prima fundamental da música”?. Os alunos falaram sobre os gêneros preferidos e relataram que alguns do grupo fazem parte da fanfarra da escola. Ao relatar isso, comentaram sobre s instrumentos que executam. A discussão sobre os instrumentos foi conduzida para sistematização por naipes: Cordas, sopro, percussão e eletrônicos, escritas no quadro pelo professor conforme as respostas dos alunos.

Em seguida o foco de discussão foram os instrumentos percussivos, e seus diferentes modos de execução: agitação, percussão (batida) e fricção (raspagem).

Os alunos foram orientados a explorar na sala de aula três sons, cada um com uma das características de execução diferente da outra. Zagonel (1999) salienta que desenvolver a atenção para os fenômenos sonoros, em uma atitude de pesquisa e pela descoberta e experimentação é fundamental na educação musical. Segundo ela “[...] uma das primeiras tarefas do professor de música consiste em despertar na criança a vontade de descobrir o mundo sonoro, de fazer pesquisas, de ouvir e fazer música, encontrando prazer. (Não paginado)”

Constatamos, contudo, que grande parte dos alunos não realizou a proposta como o esperado. Acreditamos que isso ocorreu em virtude da timidez destes decorrentes do primeiro contato entre alunos e bolsistas.

Apesar disto, foi solicitado que apresentassem os resultados aos demais colegas. Cada um apresentou seus sons para a turma. Mesmo os que não haviam feito a experimentação foram instigados a improvisar. Nesse momento apresentavam-se também para os bolsistas contando seus nomes.

Após a exposição de todos os sons, foi proposto que cada aluno escolhesse um de sua preferência para a criação de uma composição instantânea[3].

Os alunos ainda foram organizados em grupos e compuseram uma pequena seqüência rítmica em ostinato. Nesse momento foi solicitado que eles registrassem a composição através de uma partitura. Cada grupo a organizou através de grafismos e códigos diferentes. Os alunos da fanfarra, em relação aos demais colegas, apresentaram uma composição complexa, mas devido a isso não conseguiram sistematizar uma partitura. Os outros grupos criaram ostinatos e puderam fazer a analogia entre sons e imagens e palavras no papel.

O foco dessa etapa da oficina foi a experimentação a partir das propostas do professor. Zagonel (1999) parafraseando Agosti-Gherban1 (1989) explica que pela educação musical

[...] o aluno deve tomar consciência do mundo sonoro, dos parâmetros do som, do silêncio, dos ruidos exteriores e corporais, por intermédio do movimento, do jogo, do imaginário, do grafismo; viver todas as noções antes de verbalizá-las, e usar a análise como ponte entre o estado da manipulação pura, que é fundamental, ao da utilização consciente do objeto sonoro. Tudo isso permite que a criança possa tomar maior consciência de si própria e do grupo com o qual convive. (ZAGONEL, 1999, Não paginado)

No segundo bloco: “Fazendo música com sucata”, coordenado pela pibidiana Marinês Rocha Schulte Duarte, o foco foi a construção e produção de música com instrumentos não convencionais produzidos com sucata.

Na primeira aula os alunos fizeram uma escuta[4] direcionada de áudio dos grupos: Stomp, Uakti e Patubatê. Ao ouvirem os áudios relatavam semelhanças com instrumentos que se familiarizam, principalmente os alunos da Fanfarra. Em seguida assistiram aos vídeos dos áudios escutados anteriormente, e então constataram que os grupos não utilizam-se de instrumentos convencionais, mas sim tonéis de ferro, baldes de plástico, escapamentos de automóveis, chapas de zinco, etc. para a produção da música.

Notamos que ao assistirem os vídeos os alunos ficaram interessados, pois relataram não conhecer grupos que trabalham com essa possibilidade de fazer musical. Pelas imagens os alunos perceberam a possibilidade em utilizar qualquer material para fazer música.

Após os vídeos iniciamos a construção dos instrumentos com canos de PVC, papelão, fita adesiva, arames, chapas de alumínio, latas e sementes. Na aula seguinte, para mostrar aos alunos como poderiam organizar uma composição e registra-la apresentamos um sistema de organização dos compassos através das figuras geométricas[5] como o triângulo – no compasso ternário –, o quadrado – para o compasso quaternário–, e o círculo – neste caso dois círculos para o compasso binário–. Antes da experimentação com os instrumentos, praticamos com palmas.

Após terem se familiarizado com os compassos, dividiram-se em grupos, organizaram as formas geométricas fazendo composições, e a medida que conseguiam executá-las nas palmas iam agregando os instrumentos.

Na seqüência concluímos com o bloco “Fazendo música com instrumentos”, coordenado pela pibidiano Mauricio Strapação. Neste bloco os alunos fizeram experimentações com instrumentos convencionais, como xilofones, flautas, violão e instrumentos de percussão. A metodologia para o trabalho foi elaborada a partir do método Orff/Wuytack[6], inicialmente foi feito uma explanação oral sobre os princípios da metodologia, logo em seguida foi apresentado aos alunos algumas partituras convencionais a fim de que se desenvolvessem exercícios de imitação rítmica, quer por sinal foi bem acolhido pelos alunos, de modo geral todos participaram demonstrando interesse e quebrando um pouco o gelo, pois quando era falado em partituras convencionais alguns alunos acabaram entendendo que se tratava de músicas complexas, porém no decorrer do processo perceberam que as experimentações musicais, inicialmente as imitações rítmicas eram facilmente accessíveis por todos.

Então, logo em seguida foi apresentado aos alunos uma partitura convencional com um trecho inicial da música “ode alegria” (Ludwig Van Beethoven 1823) (Nona sinfonia), a qual os alunos aprenderam nota por nota, de todos os compassos, para depois ir executar nos instrumentos. Os instrumentos foram arrumados na sala de vídeo da escola onde nos dirigimos para a execução da totalidade da peça. Gostaria de destacar que tínhamos uma aluna que já tocava flauta e conhecia um pouco de partitura, sendo de grande importância para desenvolvê-lo da peça, ela ajudava os demais alunos na leitura da partitura durante a execução, além dos Pibidianos Vinicius e Marines. Visto que eu Mauricio estava na regência da peça. Os alunos tinham dificuldade e não conseguiam executar a peça com perfeição, foi ai que o Pibidiano Vinicius Assumiu a regência e o Pibidiano Mauricio foi auxiliar os alunos na execução, tocando um dos xilofones dirigindo os demais músicos que tinham dificuldade em executar suas partes nos xilofones, pois foi trabalhado com 3 linhas melódicas, sopranos, contraltos e baixos, fora o violão e os instrumentos de percussão que faziam o acompanhamento.

O receio quanto a aceitação por parte dos alunos ainda nos deixava apreensivos,

O lúdico é um meio didático por excelência: estabelece regras, e prende a atenção e o interesse da criança. Permite ao aluno viver situações musicais de modo agradável, e auxilia na apropriação da música e de seus códigos. (ZAGONEL, 1999, Sem paginação)

mas isso foi desaparecendo a medida em que as aulas se sucederam, pois a maioria dos alunos aceitaram as propostas quase que de pronto. Um ponto a favor para que a aceitação das propostas pelos alunos foi que, alguns dos alunos participam da Fanfarra do Colégio.

É importante que a criança possa adquirir conhecimentos a partir de sua vivência, pois o acúmulo de experiências é mais importante que a verbalização. Apoiando-se no que as crianças trazem consigo, no que elas podem trazer como colaboração às aulas, é possível fazer um trabalho criativo e real. O professor deve saber escutar o que as crianças têm para contar de suas vidas para que elas se encontrem e se descubram enquanto pessoas. (ZAGONEL, 1999, Sem paginação)

CUNHA, Daiane Solange Stoeberl da; GOMES, Érica Dias. Música na escola? Reflexões e possibilidades. Editora Unicentro. 2011.

MATIAS-PEREIRA, José. Manual de metodologia da pesquisa científica. São Paulo: Atlas, 2007.

RIBEIRO, Artur Andrés. UAKTI: um estudo sobre a construção de novos instrumentos musicais acústicos. Belo Horizonte, MG: C/Arte, 2004.

ZAGONEL, Bernadete. Em direção a um ensino contemporâneo de Música Ictus - Periódico do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Salv


[1] A pesquisa caracteriza-se como participante, pois se desenvolveu a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. (MATIAS-PEREIRA, 2007).

[2] CUNHA, Daiane Solange Stoeberl da; GOMES, Érica Dias. Música na escola? Reflexões e possibilidades. Editora Unicentro. 2011.

[3] Para Zagonel (1999), composição instantânea e jogo musical são sinônimos, para a autora, “O jogo musical espontâneo permite à criança se liberar, expressar seu eu, entrar em interação com o mundo exterior, ser livre para determinar suas próprias ações. O jogo pode conduzir à música. (Não paginado)”

[4] Granja (2006) faz uma diferenciação entre ouvir e escutar, para ele o primeiro corresponde à dimensão sensorial da percepção, está ligado a captação física dos sons, enquanto o segundo representa um estágio mais elaborado, o da significação. “A escuta é um feito extraordinário do ser humano. Somos capazes de decodificar sinais sonoros extremamente complexos, dando a eles um significado que nenhuma outra espécie é capaz de dar.” (GRANJA, 2006, p.66)

[5] A proposta foi inspirada nas notações musicais do grupo Uakti (RIBEIRO, 2004), representadas por figuras geométricas como quadrados, triângulos e estrelas.

[6] A Pedagogia Musical Ativa Orff-Wuytack, foi desenvolvida pelo educador musical Jos Wuytack a partir dos trabalhos de Orff. Baseia-se nos princípios de comunidade, totalidade e atividade. Assim como as propostas de Orff, o nível de aprendizagem de cada aluno é respeitado, desta forma, todos executam uma mesma peça musical, mas com arranjo adequado ao seu nível de compreensão. A improvisação e práticas que envolvem dança são estimuladas. (CUNHA e GOMES, 2011)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Compartilhando novos links

Vamos usar a internet para tornar nossas férias mais produtivas.
Que tal sugerirmos links sobre arte, ou arte-educação, ou educação...

Relatórios de 2011

Durante o segundo semestre de 2011, foram desenvolvidas 5 oficinas do PIBID Arte.
Os 10 acadêmicos bolsistas do PIBID Arte, atuaram nos Colégios parceiros, Ana Vanda Bassara e Manoel Ribas, nas aulas de arte sob supervisão das professoras Janete, Evelyn e Thalita e Carime.

Na minha visão de coordenadora do projeto, esta experiência foi valiosa, principalmente por observar o crescimento profissional dos acadêmicos na imersão nas aulas de Arte com propostas inovadoras que envolvem a música em parceria com as outras manifestações artísticas.

Gostaria que postassem os relatórios, para serem lidos e comentados pelo restante do grupo.


Tarefa de férias!!! Discussão do texto do Duarte Jr.

Então após a leitura dos capitulos "A Educação do Sensível e o Mundo Contemporâneo" e "A Arte na Educação: cinco temas para reflexão" do livro A Montanha e o Videogame de Duarte Jr. (que todos receberam em xerox), vamos comentar?
Quem levanta questionamentos?
Quem critica?
Quem parabeniza?
Quem sugere??

2012!!! E abril está chegando!!

Pois é pessoal, estamos de "férias" mas as ações do PIBID não podem parar, afinal Abril está chegando e com ele o fim do atual projeto PIBID Arte.
É uma pena, pois formamos uma família e construímos muita coisa juntos.
Esta valendo à pena!!
Gostaria que aproveitássemos o blog para elaborarmos um memorial do projeto, então quais foram os bons momentos destes quase 2 anos? O que ficou? O que marcou? O que mudou em suas vidas? Qual o significado da palavra PIBID pra vc?
Abços
Dai