segunda-feira, 18 de junho de 2012

Oficina: Jogos Musicais/Teatrais
Acadêmicas: Caliandra Rosa e Rafaella Fritz
Resumo enviado ao 30ºSEURS




JOGOS MUSICAIS/TEATRAIS


Área Temática: Cultura


Daiane Solange Stoeberl da Cunha 1(Coordenadora da Ação de Extensão)


Caliandra Rosa da Silva; Daiane Solange Stoeberl da Cunha; Rafaella Fritz 2


Palavras-chave: Arte-Educação, Jogos Teatrais, Educação Musical, Práticas Pedagógicas.

Resumo: Esse resumo tem como objetivo descrever a ação extensionista intitulada oficina de Jogos Musicais/Teatrais realizada por bolsistas do PIBID- Arte (Programa de Incentivo e Bolsa de Iniciação à Docência, vinculado ao CNPq) em dois colégios da rede estadual de ensino de Guarapuava-Pr, no ano de 2011. As ações do PIBID- Arte contemplam ensino, pesquisa e extensão, sob abordagem qualitativa reflete-se sobre a prática docente em arte, e nesta oficina, mais especificamente, sobre metodologia de ensino que busca a possibilidade de integração do Teatro e da Música por meio de Jogos de improviso. Partindo da análise e dos resultados obtidos, propõe-se a realização desta oficina no 30o seminário de extensão universitária da região sul.

Experiências do Pibid-Arte

O PIBID- Programa de Incentivo e Bolsa de Iniciação à Docência, em seu subprojeto Arte vinculado ao Departamento de Arte-Educação da Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro, realizou no ano de 2011 quatro diferentes oficinas, dentre elas a oficina de Jogos Musicais/Teatrais, na qual foca-se neste resumo.
As ações realizadas pelo PIBID/Arte têm como principal objetivo a formação docente em arte, assim, relatamos, fundamentamos e analisamos as propostas realizadas nesta oficina que tem como finalidade introduzir na disciplina de arte a música contemporânea e a utilização dos jogos. Trabalhando as características do som nos baseamos nas propostas de jogos de Viola Spolin e na associação das linguagens através de jogos de improvisação de Koellreutter.
O jogo estimula vitalidade, despertando a pessoa como um todo - mente e corpo, inteligência e criatividade, espontaneidade e intuição - quando todos, professor e alunos unidos estão atentos para o momento presente.(VIOLA, 2010, p. 30)
A primeira etapa desta ação consistiu na elaboração do projeto de ensino, para o qual realizou-se a revisão teórica sobre o tema e a construção de uma sequência didática. A aplicação deste projeto de ensino, em forma de oficina, consistiu na segunda etapa. Todas as práticas foram registradas e analisadas, tanto a prática docente quanto a prática discente.
De início notamos que alguns alunos se mostraram resistentes à música contemporânea, criando na sala discussões a respeito, ao longo das aulas chegamos à conclusões para além das questões de juízo de gosto.
Foi proposto aos alunos explorar sons da sala e de objetos disponíveis. Em grupos foram orientados a construir símbolos visuais representando cada som, em seguida partituras gráficas e uma composição em conjunto. Baseamos nossa proposta na compreensão schaferiana de que:

A notação musical consiste em dois elementos: o gráfico e o simbólico [...] A diferença entre notações simbólica e gráfica é que a primeira nos uma informação mais precisa enquanto a segunda indica a forma geral da peça [...] a medida que as tarefas se tornam mais elaboradas, chega o momento em que a escrita se torna inevitável, e então deixo que se desenvolvam a sua própria, utilizando os meios que quiserem. (SCHAFER, 1991,p.308).

Após essa etapa de contato e exploração com novas formas de produção musical, passamos para a construção das cenas trabalhando as características do som: timbre, altura, intensidade e duração.
Segundo Schafer (1991), o timbre traz a cor da individualidade à música. Sem ele tudo é uniforme e invariavelmente cinza, como a palidez de um moribundo. Portanto, o timbre nos permite reconhecer a fonte geradora do som. Através do reconhecimento da voz dos colegas, um grupo saía da sala enquanto, escolhíamos outros alunos para emitir um som com sua voz, a finalidade era descobrir quem estava falando. Para este jogo utilizamos também objetos da sala, e instrumentos convencionais.
Posteriormente, ao trabalharmos com os elementos altura e intensidade os alunos criaram cenas, nas quais os personagens teriam que falar em alturas diferentes, de acordo com o lugar em que estavam. Enquanto os alunos preparavam as cenas recebiam nossa orientação e tiravam as dúvidas, ensaiaram e apresentaram, tudo foi registrado em vídeo.
A mesma cena agora na atividade da duração teria que ser repetida, os alunos escolhiam uma emoção para dar a cada personagem, assim a característica do som intensidade era evidenciada através da cena.
Para trabalhar a duração sonora experimentamos corporalmente os sons: em circulo uma pessoa iniciava o som e a próxima deveria fazer um movimento corporal que correspondesse a esse som, os alunos se movimentavam o mínimo possível, depois de repetirmos várias vezes a atividade, é que a criatividade surgiu de forma mais natural. Assim se o som era curto o movimento do corpo deveria corresponder com movimentos curtos, ou longos, fortes, fracos.
Em nosso último encontro, fizemos uma série de jogos de improvisação, os alunos estavam bem familiarizados com as práticas e trabalharam muito bem, participaram ativamente das cenas, utilizamos diversos objetos trazidos também pelos alunos. Baseamos nossa proposta na frase[...]há muitos objetos num objeto[...](BRECHT apud KOUDELA, 1991, p. 86) um aluno de cada vez iniciava uma cena, depois de escolher um objeto e daria a ele uma função diferente da que possuía comumente, após entendida a proposta, modificamos fazendo com que dois ou mais iniciassem na cena com seu respectivo objeto e todos deveriam improvisar interagindo uns com os outros. Sabemos que todas as pessoas são capazes de atuar e todas as pessoas são capazes de improvisar. As pessoas que desejarem são capazes de jogar e aprender a ter valor no palco. (SPOLIN, 2005)
Durante o decorrer dos encontros procuramos sempre nos utilizar do cotidiano dos participantes, trazendo questões do seu dia a dia. Vimos também que os alunos trazem suas vivências para a cena, produzindo diálogos e interagindo com os demais, através de suas experiências.
A utilização dos jogos para a compreensão das características sonoras e sua associação, nos deu um caminho cheio de possibilidades, podendo ser exploradas de inúmeras maneiras, trazendo em sua realização a proposta de interdisciplinaridade muito discutida nos dias dicipante hoje, quando se fala em modificação do currículo, pensando na construção do conhecimento por mais de uma área do conhecimento, assim unimos duas áreas do conhecimento artístico.

O pensar interdisciplinar parte do principio que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma racional. Tenta, pois o diálogo com outras formas de conhecimento deixando-se interpenetrar por elas. Assim por exemplo, aceita o conhecimento do senso comum como válido, pois é através do cotidiano que damos sentido às nossas vidas, ampliando através do diálogo com o conhecimento cientifico. (FAZENDA,p.16 1993)

Muitas vezes era difícil para os alunos identificar e definir as características do som separadamente, contudo notamos que aplicadas à construção de uma cena elas eram facilmente identificadas e inseridas sem maiores dificuldades. Essas atividades abrem espaço também para que os alunos façam suas escolhas, partimos do contexto familiar, de lugares que são comuns a eles, para depois dar as coordenadas da atividade a ser desenvolvida. Os alunos trazem suas vivências para a cena, produzindo diálogos e interagindo com os demais, através de suas experiências. Para Merleau Ponty (1999): A experiência é algo que nos acontece durante a vida, e como damos importância a esses acontecimentos. Tem a ver com o sentido e com o sem-sentido que nos acontece, é algo particular, subjetivo, relativo, contingente, pessoal. Não devemos nos relacionar somente através do intelecto, mas sim com toda nossa rede sensorial, contando com a sensibilidade de todo nosso corpo e ainda do que nos rodeia.
As práticas foram desenvolvidas coletivamente, não levamos respostas prontas, segundo Schafer (1991) todo professor deve se permitir ensinar diferente, fazendo de uma classe um lugar de aprendizagem, de experiências e descobertas, um local totalmente criativo, onde não haja respostas preestabelecidas, onde todos solucionem os problemas. Onde o professor lance questões iniciais e depois torne-se um aluno como os demais da turma.
A realização desta oficina possibilitou a experimentação de uma metodologia de ensino da música e do teatro de forma integrada. Os jogos são uma forma prática de trabalhar com elementos musicais e teatrais permitindo aos alunos a experimentação do fazer artístico em sala de aula.

Jogos Musicais/Teatrais

A oficina a ser desenvolvida no 30º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul destina-se à crianças e adolescentes. Devido a grande importância da educação artística, optamos por articular duas áreas do ensino da arte através de jogos: música e teatro. Assim os alunos poderão ficar mais a vontade para criar, experimentar. Contribuindo também para a exploração e ampliação de vivências sonoras e corporais.
Partindo de questionamentos sobre algumas das características da música contemporânea o som, ruído e silêncio, nossa discussão sobre tais conceitos é realizada e as definições construídas juntamente com os participantes da oficina. Em seguida, para ampliar o repertório e o conhecimento sobre o tema,apresentam-se vídeos dos músicos: Stomp, Uakti e Barbatuques4. Levantaremos os seguintes questionamentos: O que vimos e ouvimos é música? ruídos? É possível fazer música com esses materiais? Vamos experimentar sons e ruídos de objetos disponíveis em sala (cadeira, carteira, janela, cortinas, cadernos, roupas, etc.) Baseia-se esta prática na premissa de que:

Em se tratando de arte, o ruído pode se tornar um elemento criativo, que interfere e modifica as estruturas musicais preestabelecidas e cristalizadas pelo uso. Um dos encantos da música é justamente esse dialogo entre som e ruído, ordem e desordem. (GRANJA, 2006, p. 80)

Na exploração e experimentação dos sons do ambiente, busca-se a compreensão de que a possibilidade de encontrar sonoridades diversas em todo tipo de material, mesmo na sala de aula. Tais sonoridades serão selecionadas e classificadas, a fim de serem utilizadas para composição de pequenas frases sonoras. Ao selecionar alguns dos sons explorados, cria-se um símbolo visual que represente tais sons, esses símbolos serão usados para criar partituras alternativas em pequenos grupos. As partituras serão ensaiadas e apresentadas.
As seguintes atividades relacionam o sonoro e o corporal, a fim de trabalhar as características do som (altura, intensidade, timbre e duração), de forma a integrar as linguagens.
A música é uma linguagem que envolve diretamente a participação do corpo na sua percepção. Reagimos e expressamos a música usando nosso corpo.
uma forte relação entre a pulsação rítmica da música e os ritmos corporais: respiração, batimento cardíaco, piscar de olhos, etc. (GRANJA, 2006, p 91)





Começamos com o timbre, explicando essa característica como exemplo a voz de cada pessoa, sons do corpo e de objetos. Será feita uma rápida explicação sobre as outras características do som (altura, intensidade, duração) e juntamente com o timbre serão exploradas em jogos de criação de pequenas cenas. Vamos criar pequenas cenas onde um aluno inicia e os demais ao perceber a situação começam a interagir, desse modo as ações vão se desenrolando. A partir de uma palavra, que pode representar uma ação, um lugar ou um objeto, um aluno inicia a cena improvisada, os outros ao perceber a situação interagem na cena. Se os participantes mostrarem dificuldade na improvisação, pode-se ter uma conversa entre o grupo e combinar alguns pontos da cena.
A última proposta também aborda as características sonoras. O jogo “Que objeto é esse?” baseia-se na frase de que há muitos objetos num só objeto. Vários objetos estarão à disposição dos alunos. Um aluno por vez, ou mais se necessário, escolhe um objeto, em seguida lhe outra função, diferente da habitual. Partindo desse objeto os alunos criam pequenas cenas, variando as características do som. O jogo possibilita ao sujeito uma facilidade de absorção de informações e ainda um maior contato com o outro.
Durante a oficina propiciaremos aos alunos uma escuta consciente e uma ampliação de possibilidades sonoras resultando em participações ativas. A união dos jogos teatrais e da música torna mais fácil a explicação das características sonoras. Os alunos aprendem na prática, com o corpo, com o espaço e com os colegas. Com os jogos os alunos ficam ainda mais desinibidos, mais livres. O lúdico propicia maior prazer em aprender música, tornando os conteúdos mais simples e de mais fácil e rápido aprendizado.


Referências:
BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peiropolis, 2001

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Praticas interdisciplinares na escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.

GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos. Musicalizando a escola: música, conhecimento e educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Brecht: um jogo de aprendizagem. São Paulo: Perspectiva, 1991.

MERLEAU, Ponty M. Fenomenologia da percepção. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1999.

SPOLIN, Viola. Jogos teatrais para a sala de aula: um manual para o professor/ Viola Spolin; [tradução Ingrid Dormien Koudela] - 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

______. Improvisação para o teatro. 4 ed. São Paulo: Perpectiva, 2005.

SCHAFER, R. Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1991.










3 comentários:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=tAusSqajfz4&noredirect=1


    Rafaelle Crissi

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=nK24Bk-JXlw

    Rafaelle Crissi

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  3. http://www.youtube.com/watch?v=Zx2V2sN1jT0

    Rafaelle Crissi

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