segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Tarefa de férias!!! Discussão do texto do Duarte Jr.

Então após a leitura dos capitulos "A Educação do Sensível e o Mundo Contemporâneo" e "A Arte na Educação: cinco temas para reflexão" do livro A Montanha e o Videogame de Duarte Jr. (que todos receberam em xerox), vamos comentar?
Quem levanta questionamentos?
Quem critica?
Quem parabeniza?
Quem sugere??

12 comentários:

  1. Nossa, Depois da palestra do Duarte Jr. eu e o Vini conversamos sobre como a forma com que ele fala e escreve pode parecer utopia pra gente, ainda mais com nossa formação recente dotada de muita teoria e valorização da Arte como área, de conhecimento e ciência. Mas mesmo assim muito do que ele diz e escreve faz muito sentido pra mim. Eu gostaria muito de ser livre pra traçar minha própria trajetória sempre... sabemos que não é simples, mas que as iniciativas são sempre válidas.. como nos disse um dos professores na Escola Ana Vanda ...Parabenizo é claro, pois suas palavras trazem grandes reflexões. Eu pessoalmente admiro a educação do sensível e a educação pela corporeidade que temos impregnada. Estamos no mundo e agimos nele por nosso corpo que se constitui de tudo que nos faz sentir e perceber o mundo, e como Duarte nos traz fazemos Arte com o corpo todo - Dos fios de cabelo a ponta dos pés - mais do que nunca a exploração do sensível para ensinar arte esteve presente comigo durante 2011, não só na oficina do PIBID, e durante as aulas práticas do curso, congressos e eventos como durante meu envolvimento com os voluntários do projeto "Entre Vistas". Lembrei muito deles quando estava lendo este texto, pois em nossos encontros o simples fato de conhecer o crescimento de uma planta tocando ramos e sementes, me fez sentir especial no mundo, dotada de capacidades únicas, e ainda percebi o quanto coisas tão pequenas e simples podem ser tão belas. Quanta coisa a nossa volta parece tão banal pra gente???? Eu lembro das primeiras aulas que a professora Daiane deu pra gente, quando falou dos ruídos, e dos sons que quase não percebemos, e nos apresentou a paisagem sonora...como era incrível ouvir os sons no ônibus, ou na calada da noite.... depois de analisar no meu cotidiano, foi ainda mais incrível poder identificar essas características em obras de arte, assim como ocorreu com a Dança, o Teatro e as Artes Visuais... começou pequenininho...hoje é tudo tão fantástico e apaixonante ... poder reconhecer os signos alí presentes ... E o melhor é que sempre se tem vontade de saber mais e mais, e se envolver a cada dia com mais enfase...

    Mas sempre fica o medo de que esse brilho se ofusque...

    Dizem que paixão um dia acaba... Então o que fazemos pra que vire amor...??? e pra que seja Eterno??? pelo menos Eterno enquanto dure!!!

    Acho que me empolguei com a história da literatura.. rsssssssss

    Em fimmmm curti muito a leitura...

    =)

    by Kelly

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  2. Para quem quiser ver algumas imagens do mural que ele comenta no texto .... p. 47

    http://www.flickr.com/photos/kraftgenie/4484294611/

    Jose Clemente Orozco, Gods of Modern World (mural detail), 1932

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  3. Muito interessante o que o autor fala sobre a sensibilização porque enquanto acadêmica de arte passei e ainda passo por esse processo o que me permitiu e ainda permite um olhar de dentro dessa estrutura, e muitas vezes me avalio enquanto parte desse processo de sensibilização. Enquanto Arte Educadora sempre me questiono se minhas convicções enquanto ao ensino de arte irão se transformar muito e como será minha maneira de ensinar daqui a 10 anos se no cotidiano ainda manterei acessa a chama da sensibilidade e como isso irá se dar aos receptores desse processo q esta em continuo desenvolvimento.

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  4. Luciana, você tocou num ponto muito interessante... Será??? 10 anos é bastante tempo, mas se você já manifesta esta preocupação, significa que vai estar sempre sensibilizada com estas questões...
    São tantas coisas pra descobrirmos, conhecermos e sentirmos até lá, aposto que com tantas vivências boas, teremos ótimas experiências para compartilhas.. e isso não para por aí, vai além destes 10 anos... muito além ... :)

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  5. Luciana.. olhe oque encontrei em algumas anotações de um trabalho que fizemos ... sei que são das leituras que fizemos de Duarte Jr.

    " Para que uma educação sensível ocorra primeiramente é preciso captar as necessidades sensíveis dos educandos e para isso o educador deve ter sua sensibilidade bem desenvolvida e deve ter passado por um processo de educação do sensível trabalhada como fonte primeira dos saberes e conhecimentos que se pode obter acerca do mundo."

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  6. É Kelly concordo com você em alguns aspectos e em outros não, percebo nas palavras de Duarte Júnior não uma utopia mas a questão de se acreditar nos seus sonhos e escrever a este respeito, tentar influenciar o maior numero de pessoas possível a acreditar e lutar junto com ele.Sei que não é fácil colocar em prática todos esses pensamentos sobre a educação do sensível num mundo cada vez mais individualista, egoísta e materialista entretanto, só homens e mulheres corajosos, sonhadores e guerreiros é que podem fazer a diferença, mudando a situação começando numa de suas salas de aula e futuramente ampliando esse horizonte. O que não podemos deixar morrer dentro de nós é a força de acreditar que as pessoas podem serem melhores do que são ,serem mais sensíveis e relacionáveis tanto com os outros quanto com o meio que os cercam.Sobre o comentário da Lu concordo que devemos primeiro ser educados sensivelmente para que possamos educar a outros, pois só podemos dar aquilo que de fato possuímos e o resto é só discurso e teoria sem comprovação. Só o que passa pela nossa experiencia é que fica de verdade e que nos abre o entendimento dos signos e saberes da Arte. Por isso, se faz tão necessário o aprendizado através da corporeidade e seus sentidos, campos da percepção, onde se recebe os estímulos visuais, sonoros e corpóreos e devolve-os novamente em forma de expressão, gestos, sons,imagens, cores, sabores, etc

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  7. Realmente Gracy... E com nossas vivencias, de muita teoria, provavelmente vamos tentar chegar num equilíbrio, até poque acredito que tudo que é feito com responsabilidade e prazer está no caminho certo. Quando diz que podemos dar aquilo que de fato possuímos, concordo plenamente, mas a gente se reinventa todos os dias, adapta-se... E muitas vezes precisa se submeter aos desejos alheios ou fazer acordos. Espero profundamente que a gente não tenha que passar por momentos frustrantes daqui pra frente, e que se possível possamos seguir alguns dos ensinamentos de Duarte Jr. e de outros apaixonados pela educação nos apropriando e podendo exercer uma educação de forma mais sensível.

    bjs

    by Kelly

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  8. È muito interessante esse ponto de discussão sobre sensibilidade, e de como iremos a desenvolvê-la melhor, acredito que todos nós pessoas “normais” que trabalhamos ou em breve vamos trabalhar com educação, principalmente na área de arte, vemos a sensibilidade foco principal de nossas atividades, pois é de grande importância irmos aos poucos desenvolvendo e desenvolvendo-a nos alunos através de nossos conteúdos e metodologias, para que seja possível um melhor compreendimento em relação a arte por parte dos alunos, visto que a arte teoricamente é de difícil entendimento quando entramos no campo das poéticas mais elaboras por ex: principalmente as de arte contemporânea. Uma coisa interessante que acontece no âmbito das artes é essa diversidade entre teórico e pratico, exigindo assim do educador uma condição mental e corporal mais aprimorada.

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  9. para mim, o essencial para sensibilização é a imersão, a experiência, a vivência. o educador do sensível parte da experiência para a experiência.
    algumas frases do Duarte Jr, me fizeram pensar muito sobre meu fazer docente:
    "Devemos levar o humor à sério"
    "A Arte é perfeitamente inútil"
    "A vida é inútil"
    "Coisas inúteis (ou "in-úteis") são a própria finalidade da vida." Paulo Leminski
    "O grande jogo é: tornar a diversão um dever e o dever uma diversão"
    o que pensam sobre?

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  10. aproveito para enriquecer a discussão, posto o texto do Paulo Lemniski
    Inutensílio

    Paulo Leminski

    A ditadura da utilidade

    A burguesia criou um universo onde todo gesto tem que ser útil. Tudo tem que ter um para quê, desde que os mercadores, com a Revolução Mercantil, Francesa e Industrial, substituíram no poder aquela nobreza cultivadora de inúteis heráldicas, pompas não rentábeis e ostentosas cerimônias intransitivas. Parecia coisa de índio. Ou de negro. O pragmatismo de empresários, vendedores e compradores, mete preço em cima de tudo. Porque tudo tem que dar lucro. Há trezentos anos, pelo menos, a ditadura da utilidade é unha e carne com o lucrocentrismo de toda essa nossa civilização. E o princípio da utilidade corrompe todos os setores da vida, nos fazendo crer que a própria vida tem que dar lucro. Vida é o dom dos deuses, para ser saboreada intensamente até que a Bomba de Nêutrons ou o vazamento da usina nuclear nos separe deste pedaço de carne pulsante, único bem de que temos certeza.


    Além da utilidade

    O amor. A amizade. O convívio. O júbilo do gol. A festa. A embriaguez. A poesia. A rebeldia. Os estados de graça. A possessão diabólica. A plenitude da carne. O orgasmo. Estas coisas não precisam de justificação nem de justificativas.
    Todos sabemos que elas são a própria finalidade da vida. As únicas coisas grandes e boas, que pode nos dar esta passagem pela crosta deste terceiro planeta depois do Sol (alguém conhece coisa além- Cartas à redação). Fazemos as coisas úteis para ter acesso a estes dons absolutos e finais. A luta do trabalhador por melhores condições de vida é, no fundo, luta pelo acesso a estes bens, brilhando além dos horizontes estreitos do útil, do prático e do lucro.
    Coisas inúteis (ou "in-úteis") são a própria finalidade da vida.
    Vivemos num mundo contra a vida. A verdadeira vida. Que é feita de júbilo, liberdade e fulgor animal.
    Cem mil anos-luz além da utilidade, que a mística imigrante do trabalho cultiva em nós, flores perversas no jardim do diabo, nome que damos a todas as forças que nos afastam da nossa felicidade, enquanto eu ou enquanto tribo.
    A poesia é u principio do prazer no uso da linguagem. E os poderes deste mundo não suportam o prazer. A sociedade industrial, centrada no trabalho servo-mecânico, dos USA à URSS, compra, por salário, o potencial erótico das pessoas em troca de performances produtivas, numericamente calculáveis.
    A função da poesia é a função do prazer na vida humana.
    Quem quer que a poesia sirva para alguma coisa não ama a poesia. Ama outra coisa. Afinal, a arte só tem alcance prático em suas manifestações inferiores, na diluição da informação original. Os que exigem conteúdos querem que a poesia produza um lucro ideológico.
    O lucro da poesia, quando verdadeira, é o surgimento de novos objetos no mundo. Objetos que signifiquem a capacidade da gente de produzir mundos novos. Uma capacidade in-útil. Além da utilidade.
    Existe uma política na poesia que não se confunde com a política que vai na cabeça dos políticos. Uma política mais complexa, mais rarefeita, uma luz política ultra-violeta ou infra-vermelha. Uma política profunda, que é crítica da própria política, enquanto modo limitado de ver a vida.


    O indispensável in-útil

    As pessoas sem imaginação estão sempre querendo que a arte sirva para alguma coisa. Servir. Prestar. O serviço militar. Dar lucro. Não enxergam que a arte (a poesia é arte) é a única chance que o homem tem de vivenciar a experiência de um mundo da liberdade, além da necessidade. As utopias, afinal de contas, são, sobretudo, obras de arte. E obras de arte são rebeldias.
    A rebeldia é um bem absoluto. Sua manifestação na linguagem chamamos poesia, inestimável inutensílio.
    As várias prosas do cotidiano e do(s) sistema(s) tentam domar a megera.
    Mas ela sempre volta a incomodar.
    Com o radical incômodo de urna coisa in-útil num mundo onde tudo tem que dar um lucro e ter um por quê.
    Pra que por quê?

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  11. Acho a Kelly teórica e sistemática e, isso é muito bom, já que ela sempre tem algo a completar e questionar nossos conceitos... mas, como a Gracy disse, Duarte Jr nos leva a refletir por meio da maneira que nos relacionamos com o mundo através das sensações que estamos sujeitos a ter durante nossas atividades cotidianas.
    Já no útero materno, o sensorial move nossos instintos, através de sons externos temos contato com o mundo desconhecido, que estamos prestes a fazer parte.
    Hoje, nossas ações, ditadas pelo modo contemporâneo de agir, nos priva de interagir com o meio e com os nossos próprios anseios e sensações.
    Assim, como o próprio Duarte Jr nos cita: "somos educados para a obtenção do conhecimento inteligível (abstrato, genérico e cerebral) e deseducados no que tange ao saber sensível (concreto, particular e corporal). Conhecer, por esse viés, tem a ver com o pensamento, com o conceito, a abstração, as fórmulas, ao passo que o saber (que também significa sabor) refere-se a todo conhecimento integrado ao nosso corpo, o qual nos torna também mais sensíveis.
    Somos privados de manifestar nossos sentidos para nos tornar parte de modelos sociais pré-estabelecidos, encaixotados, comuns e estereotipados.
    Portanto o Arte-educador, tem a possibilidade de, além de ensinar, trazer a tona manifestações sensoriais, instigando a relação do aluno com seus próprios sentidos diante de manifestações e produções artísticas em sala de aula.
    Tudo que escrevi aqui, como a própria Kelly disse, pode sim, parecer utopia. Eu sei que é difícil o professor atingir tudo isso numa sala com +- 40 alunos. Porém, acredito que isso possa ocorrer de maneira significativa, a partir do compromisso do professor em sala de aula e, como no filme "Clube do Imperador- dirigido por Michael Hoffman", o professor que confia em seu trabalho, por mais árdua que seja a caminhada, é capaz de reconhecer o resultado de seus esforços no futuro de cada aluno, sendo um amplo degrau nessa longa escada que é a vida humana.

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