segunda-feira, 23 de junho de 2014

Fandango do Paraná



As manifestações folclóricas nos ajudam a compreender a cultura dos antepassados, e a dança nos ajuda a entender suas crenças, costumes e relações entre as pessoas. No sul, essas manifestações vem diretamente atreladas a colonização e a cultura e preservação da identidade que esses colonizadores trouxeram. Uma das manifestações mais presentes no Paraná é o Fandango.  




O Fandango do Paraná é uma manifestação que não tem uma origem certa e é uma expressão da cultura litorânea do estado. Algumas fontes explicam a formação do fandango a partir de um casal de espanhóis que imigrou para o Paraná, porém outras fontes explicam o surgimento dessa manifestação devido a colonizadores portugueses (que eram das classes mais populares de Portugal) e luso-brasileiros vindos principalmente de São Paulo. O fato é que essa manifestação acontece desde 1720, principalmente no litoral do estado. 

O Fandango Paranaense é normalmente executado em ambientes fechados, com chão de madeira, para ressaltar o sapateado masculino feito com sapatos ou tamancos, chamado de rufar. Principalmente as danças batidas são finalizadas com um sapateado forte e uníssono. É frequente a execução em festas de padroeiros e carnaval. O grupo musical que acompanha o fandango é composto por uma ou duas violas, uma rabeca e um adufo. Esses instrumentos são confeccionados artesanalmente pelos fandangueiros. 

 (Viola)
(Rabeca)










(Adufo)


Essa manifestação é composta por trinta bailes, sendo eles organizados em dois grupos: as danças batidas e valsadas e as danças bailadas. Segundo Oliveira e Lara (2004), é possível classificar as marcas do fandango da seguinte maneira: 

Marcas Batidas
Marcas Valsadas
Marcas Batidas e Valsadas
Anu
Dondom
Xará Grande
Xarazinho
Chamarrita simples
Queromana
Andorinha
Vilão de fita ou de lenço
Marinheiro
Chamarrita
Meia-canja
Lageana
Tonta
Valsado
Chico
Recortado
Caradura
Tiraninha

Coqueiro
Feliz

Sapo
Serrana

Cana-verde
Sabiá

Bailado
Estrala


Porca


Tatu


Caranguejo

Oliveira e Lara (2004) ainda falam que no Paraná depois da chegada de novas influências culturais (músicas estrangeiras), o Fandango chegou até mesmo a ser censurado, e passou a ser considerada uma manifestação popular do meio rural. Então, o fandango passou a ser dançado somente em ocasiões como casamentos, batizados, aniversários e carnavais. No meio rural, o fandango acabou sendo vinculado ao calendário da agricultura de subsistência, como plantio e colheita, quando eram feitos mutirões de ajuda, e após o trabalho, o dono da terra oferecia o fandango. 

Algumas das principais danças do Fandango Paranaense são:

  • Xará-Grande: é uma dança onde se forma uma roda com homens e mulheres alternados, girando da esquerda para a direita, com passos de valsa, alternados por sapateios. Uma das características dessa dança é um ligeiro aperto de mão trocado pelos pares.
  •  Tonta: A tonta, geralmente é dançada pela manhã, pois é a despedida do grupo, onde os versos do canto são referenciais ao sol. Geralmente é dançada por seis ou oito pessoas. É uma dança batida, com palmeados e sapateados, e a mulher tem um papel limitado na coreografia.
  • Recortado: também é usada para encerrar o fandango. Trata-se de uma mistura de todas as danças realizadas durante a noite.
  • Anu: é a dança de abertura do fandango e dizem através da tradição oral, que certo dia, ao ver o voo de um bando de anu levou a um casal de espanhóis a perguntar aos índios da região que pássaros eram aqueles, então  os índios disseram que era o anu. Os espanhóis dizendo que também havia anus em sua terra natal e começaram a cantar versos como: “do anu da minha terra”, de “recordação”, “era de tão longe”. E seria assim que a primeira marca do fandango do Paraná teria surgido. Por ser um pássaro de azar, um pássaro preto, a cultura do fandango entende que o anu seja a primeira dança a ser realizada para espantar a tristeza, superstição e azar. Cada passo do Anu tem um nome especial, como tira espinho, olha o fogo e o oito, e é realizado pelo home em volta da mulher. Oliveira e Lara citam que “Nessa figura, a mulher, que se posiciona à frente de seu parceiro na roda, inicia o desenho do oito pela sua direita e para trás, passa por seu parceiro, contorna o próximo dançarino e fecha o desenho do oito passando novamente pelo parceiro, retornando ao lugar inicial. O sapateado e palmeado masculinos apresentam uma estrutura rítmica bastante interessante. O sapateado é feito de forma rente ao chão, sem elevações exageradas dos pés. As pernas ficam semi-flexionadas. O palmeado acontece com os braços levantados.” É comum ao final desse baile, o marcador usar a frase “Outra vez que ainda não vi” ou “Não tem primeira nem segunda”, informando repetição de passo ou da dança. 
  
Este vídeo é uma apresentação de Fandango paranaense do grupo do Mestre Romão.



Referências:
CÔRTES, Gustavo Pereira. Dança Brasil: festas e danças populares. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000.
OLIVEIRA, Roberta Baltazar de. LARA, Larissa Michelle. O Fandango na Cultura Popular Paranaense: Origem e Caracterização. Iniciação científica, CESUMAR, Jan-Jun, vol. 06 n.01.pp17-29, 2004.
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/retratosparana/curiosidades/conteudo.phtml?id=1197006&tit=As-dancas-tipicas-que-embalam-os-paranaenses

2 comentários:

  1. Conhecer a cultura regional é apreender possibilidades de ensino de arte contextualizado, assim o Pibid Arte da Unicentro tem se dedicado a conhecer a cultura paranaense e guarapuavana. https://m.youtube.com/watch?v=d0V5fRyIfVE

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  2. Que ótima postagem, ela faz com que certos paradigmas da cultura Paranaense sejam repensados, e normal ouvir dizer que o Parana não uma herança cultural e aqui está este trabalho que foi realizado pelas Pibidianas mostrando a pluralidade Cultural dentro do nosso estado.

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