As manifestações folclóricas nos ajudam a
compreender a cultura dos antepassados, e a dança nos ajuda a entender suas
crenças, costumes e relações entre as pessoas. No sul, essas manifestações vem
diretamente atreladas a colonização e a cultura e preservação da identidade que
esses colonizadores trouxeram. Uma das manifestações mais presentes no Paraná é
o Fandango.
O Fandango do Paraná é uma manifestação que não tem uma origem certa e é uma
expressão da cultura litorânea do estado. Algumas fontes explicam a formação do
fandango a partir de um casal de espanhóis que imigrou para o Paraná, porém
outras fontes explicam o surgimento dessa manifestação devido a colonizadores
portugueses (que eram das classes mais populares de Portugal) e
luso-brasileiros vindos principalmente de São Paulo. O fato é que essa
manifestação acontece desde 1720, principalmente no litoral do estado.
O Fandango Paranaense é normalmente executado em ambientes fechados, com
chão de madeira, para ressaltar o sapateado masculino feito com sapatos ou
tamancos, chamado de rufar. Principalmente as danças batidas são finalizadas
com um sapateado forte e uníssono. É frequente a execução em festas de
padroeiros e carnaval. O grupo musical que acompanha o fandango é composto por
uma ou duas violas, uma rabeca e um adufo. Esses instrumentos são
confeccionados artesanalmente pelos fandangueiros.
(Viola)
(Rabeca)
(Adufo)
Essa manifestação é composta por trinta bailes, sendo eles organizados em
dois grupos: as danças batidas e valsadas e as danças bailadas. Segundo
Oliveira e Lara (2004), é possível classificar as marcas do fandango da
seguinte maneira:
Marcas Batidas |
Marcas Valsadas |
Marcas Batidas e Valsadas |
Anu |
Dondom |
Xará Grande |
Xarazinho |
Chamarrita simples |
Queromana |
Andorinha |
Vilão de fita ou de lenço |
Marinheiro |
Chamarrita |
Meia-canja |
Lageana |
Tonta |
Valsado |
Chico |
Recortado |
Caradura |
Tiraninha |
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Coqueiro |
Feliz |
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Sapo |
Serrana |
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Cana-verde |
Sabiá |
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Bailado |
Estrala |
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Porca |
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Tatu |
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Caranguejo |
Oliveira e Lara (2004) ainda falam que no Paraná depois da chegada de novas
influências culturais (músicas estrangeiras), o Fandango chegou até mesmo a ser
censurado, e passou a ser considerada uma manifestação popular do meio rural.
Então, o fandango passou a ser dançado somente em ocasiões como casamentos,
batizados, aniversários e carnavais. No meio rural, o fandango acabou sendo
vinculado ao calendário da agricultura de subsistência, como plantio e
colheita, quando eram feitos mutirões de ajuda, e após o trabalho, o dono da
terra oferecia o fandango.
Algumas das principais danças do Fandango Paranaense são:
- Xará-Grande: é uma dança onde se forma uma roda com homens e mulheres alternados, girando da esquerda para a direita, com passos de valsa, alternados por sapateios. Uma das características dessa dança é um ligeiro aperto de mão trocado pelos pares.
- Tonta: A tonta, geralmente é dançada pela manhã, pois é a despedida do grupo, onde os versos do canto são referenciais ao sol. Geralmente é dançada por seis ou oito pessoas. É uma dança batida, com palmeados e sapateados, e a mulher tem um papel limitado na coreografia.
- Recortado: também é usada para encerrar o fandango. Trata-se de uma mistura de todas as danças realizadas durante a noite.
- Anu: é a dança de abertura do fandango e dizem através da tradição oral, que certo dia, ao ver o voo de um bando de anu levou a um casal de espanhóis a perguntar aos índios da região que pássaros eram aqueles, então os índios disseram que era o anu. Os espanhóis dizendo que também havia anus em sua terra natal e começaram a cantar versos como: “do anu da minha terra”, de “recordação”, “era de tão longe”. E seria assim que a primeira marca do fandango do Paraná teria surgido. Por ser um pássaro de azar, um pássaro preto, a cultura do fandango entende que o anu seja a primeira dança a ser realizada para espantar a tristeza, superstição e azar. Cada passo do Anu tem um nome especial, como tira espinho, olha o fogo e o oito, e é realizado pelo home em volta da mulher. Oliveira e Lara citam que “Nessa figura, a mulher, que se posiciona à frente de seu parceiro na roda, inicia o desenho do oito pela sua direita e para trás, passa por seu parceiro, contorna o próximo dançarino e fecha o desenho do oito passando novamente pelo parceiro, retornando ao lugar inicial. O sapateado e palmeado masculinos apresentam uma estrutura rítmica bastante interessante. O sapateado é feito de forma rente ao chão, sem elevações exageradas dos pés. As pernas ficam semi-flexionadas. O palmeado acontece com os braços levantados.” É comum ao final desse baile, o marcador usar a frase “Outra vez que ainda não vi” ou “Não tem primeira nem segunda”, informando repetição de passo ou da dança.
Este vídeo é uma apresentação de Fandango paranaense do grupo do Mestre Romão.
CÔRTES, Gustavo Pereira. Dança Brasil: festas e danças populares. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000.
OLIVEIRA, Roberta Baltazar de. LARA, Larissa Michelle. O Fandango na Cultura Popular Paranaense: Origem e Caracterização. Iniciação científica, CESUMAR, Jan-Jun, vol. 06 n.01.pp17-29, 2004.
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/retratosparana/curiosidades/conteudo.phtml?id=1197006&tit=As-dancas-tipicas-que-embalam-os-paranaenses
Conhecer a cultura regional é apreender possibilidades de ensino de arte contextualizado, assim o Pibid Arte da Unicentro tem se dedicado a conhecer a cultura paranaense e guarapuavana. https://m.youtube.com/watch?v=d0V5fRyIfVE
ResponderExcluirQue ótima postagem, ela faz com que certos paradigmas da cultura Paranaense sejam repensados, e normal ouvir dizer que o Parana não uma herança cultural e aqui está este trabalho que foi realizado pelas Pibidianas mostrando a pluralidade Cultural dentro do nosso estado.
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