terça-feira, 8 de março de 2011

UM POUCO SOBRE MÚSICA CONCRETA e MÚSICA ELETROACÚSTICA

É POSSÍVEL PRODUZIR MÚSICA COM QUALQUER SOM?
HÁ MÚSICA ALÉM DAS NOTAS MUSICAIS?
COMO ASSIM? MÚSICO QUE TOCA COMPUTADOR?
E OS DJ? SÃO MÚSICOS?

Algo em comum entre as oficinas que estão sendo planejadas, é a ampliação do conceito de música.
Música e tecnologia, música com tudo, rap como conteúdo musical...

Há uma grande possibilidade de ensinar música na escola.
Esse ensino pode ser efetivado por diferentes metodologias e conteúdos.
Entretanto, se o que se quer é ampliar o conceito de "música" para além das fronteiras da música tonal, de câmara e até a tecnicista, é necessário que o professor conheça e possibilite ao aluno conhecer outras músicas, as etnicas, populares, modais e, quero chamar a sua atenção para as possibilidades e quebras de paradigmas da música pós-tonal.

Pare e pense:
a definição de música apresentada nos livros e dicionários como:
MÚSICA É A ARTE DO SOM E DO SILÊNCIO
(então, o que é som? nota musical? apenas?)

Pensando sobre as perguntas que propus no início e na definição conceitual de música como arte do SOM e do SILÊNCIO, vamos falar um pouco sobre música concreta e música eletroacústica?

Comente, proponha, questione, sugira,.... participe ampliando seu conhecimento sobre este assunto.

Prof. Dai

8 comentários:

  1. Eu posto e começo a comentar:

    Vou colar aqui uma reportagem do dia 05 de março, no Jornal Estado de São Paulo.


    Os objetos sonoros em sua natureza
    Em Ensaio Sobre o Rádio e o Cinema - Estética e Técnica das Artes-Relé, 1941-1942, o compositor de vanguarda Pierre Schaeffer estabelece as bases de seu pensamento musical concreto


    João Marcos Coelho - O Estado de S.Paulo
    DJs do mundo inteiro deveriam reservar todo dia 2 de junho a uma balada especialíssima, em tributo ao pai de todos eles, o primeiro DJ de fato da história da música: o compositor francês Pierre Schaeffer (1910-1995). Pois foi numa quarta-feira, 2 de junho de 1948, que ele compôs uma obra chave, bíblia dos DJs contemporâneos, mesmo que eles não a (re)conheçam. Em seu premonitório Estudo de Ruídos n.º 5, para os íntimos Estudo das Caçarolas, Schaeffer trouxe para um primitivo estúdio de gravação, em Paris, objetos sonoros tão diversos quanto caçarolas, um bolachão 78 rotações de Sacha Guitry, os sons de uma chata, um disco americano de acordeon e outro balinês. "A seguir", descreveu depois, "exercício de virtuosidade nos quatro potenciômetros e nas oito chaves de contato". Ineditismo que atraiu os jovens compositores Stockhausen, Boulez e até o quarentão Messiaen ao seu estúdio.

    Nascia ali o que o mundo conheceu em seguida como a "música concreta", a primeira grande revolução musical do segundo pós-guerra no século 20. Um estrondo tão grandioso que até hoje está presente, com todo vigor, tanto nas baladas funk dos morros cariocas quanto nos mais seletos ambientes jovens internacionais. E foi decisiva na caminhada para a afirmação da música eletroacústica contemporânea, cujos papas ironicamente o desprezam. Isto é, Schaeffer foi decisivo para a vanguarda e depois para as músicas populares - feito que nenhum outro criador do século 20 pode exibir.

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  2. continuando...

    Do lado pop, a atualidade se vê, por exemplo, na listagem de últimos lançamentos de obras de Schaeffer na Amazon: o primeiro é o reluzente vinil Pierre Schaeffer: Cinq Études de Bruits - Étude Aux Objects, lançado em 8 de fevereiro passado. Público-alvo preferencial: DJs de todo o mundo.

    No domínio erudito, apesar da paulada que levou de Boulez e do seu isolamento nas décadas seguintes, ele reverberou até mesmo por aqui. O uruguaio Conrado Silva, radicado no Brasil há muitos anos, constatou isso em um artigo de 1985: "A procura de uma linguagem própria para a música da América Latina (...) passa indefectivelmente por uma fase de questionamento didático: de reformulação de todos e cada um dos conceitos que formam a música. (...) A característica concreta da música eletroacústica, trabalhando diretamente com o som, e não com notas, a torna extremamente flexível para uso pedagógico: alunos sem conhecimentos prévios da teoria musical poderão, atuando diretamente sobre a massa sonora, aprender a organizar textura e estrutura (...) Essa experiência didática será de vital importância, seja qual for o caminho criativo que o compositor escolha mais tarde, pois coloca simultaneamente em jogo o artesanato prático, o pensamento criativo e a autocrítica".

    É por isso que o projeto de pesquisa de Carlos Palombini, professor na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, tem atualidade e é significativo para a realidade musical brasileira. Ele publica, pela primeira vez e em edição crítica dupla - traduziu para o português em livro da Editora da UFMG e publica em francês pelas Editions Allia - o Ensaio Sobre o Rádio e o Cinema - Estética e Técnica das Artes-Relé, 1941-1942, de Pierre Schaeffer.

    No texto de abertura, Palombini une a música concreta aos bailes funk cariocas ao fazer uma aposta otimista: "É possível, embora improvável, que um dia os habitantes das áreas nobres do Rio de Janeiro prestem ouvidos menos condicionados aos gritos de seus concidadãos das favelas. Nesse dia, a "limpeza da situação aural", essa "revolução pessoal" que resulta do trabalho iniciado no Ensaio, terá se transformado numa revolução coletiva e, conforme a um velho mito brasileiro, pacífica".
    O pesquisador brasileiro estabeleceu o texto trabalhando um ano em Paris, entre 2008 e 2009, nos arquivos Schaeffer, ao lado de Sophie Brunet e com a colaboração de Jacqueline Schaeffer. Só agora restaurado em sua íntegra, nele Schaeffer estabelece - a partir de um estudo sobre a natureza, técnica e estética da rádio e do cinema - as bases de seu pensamento musical concreto, que culminariam no Tratado dos Objetos Musicais, de 1966. Maltratado pelas tropas do Ircam de Boulez e pela musicologia das últimas décadas, Schaeffer vem sendo incompreensivelmente mal avaliado. Palombini lhe devolve sua justíssima importância.

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  3. continuadoooooo.... Fascínio e limites. O ensaio, um dos textos fundadores das reflexões sobre o rádio e o cinema, foi escrito em 1940/41, em Marselha. Schaeffer tinha 30 anos; estudara violoncelo no conservatório de sua cidade natal, Nancy, e depois eletricidade e telecomunicações na Escola Politécnica. Em 1934 dirigiu o serviço de telecomunicações em Estrasburgo; em 1936 transferiu-se para o serviço de rádio em Paris. "Em 1941", escreve Palombini num dos primeiros artigos, de 1999, que deram a largada na pesquisa ora concluída, "ele reuniu o cinema e o rádio sob a designação de "artes-relé", comparando o meio a um instrumento cujo duplo papel era "retransmitir, de uma certa maneira, o que costumávamos ver e ouvir diretamente e expressar, de uma certa maneira, o que não costumávamos ver e ouvir"; movendo-se com desenvoltura no domínio abstrato, mas não no concreto, a escrita aspirava à concretude; movendo-se com desenvoltura no domínio concreto, mas não no abstrato, as artes-relé aspiravam à abstração."

    Nos dicionários, relé é qualquer dispositivo elétrico por meio do qual uma corrente ou sinal em um circuito pode abrir ou fechar outro circuito. Relé é hoje mero botão que liga ou desliga o aparelho de rádio. Apesar disso, anota Palombini, pode ser visto como uma espécie de "amplificador elétrico".

    O ensaio de Schaeffer é riquíssimo de implicações. O rádio e o cinema dissimulam uma renúncia essencial: a "impossibilidade de restituir o original com todas as suas qualidades. (...) Eles não transmitem o objeto mas sua imagem, nem os sons mas uma modulação". E, ao distinguir as artes clássicas das artes-relé (rádio e cinema), ele diz que "o rádio e o cinema estão para as artes clássicas como o telégrafo está para o correio postal". No correio a transmissão é direta, não há intermediário. Já o telegrama "transmite apenas sinais e, da carta, apenas os signos em sinais". E conclui: "É bom lembrar que na origem o rádio e o cinema são essencialmente sinais".

    A vantagem é a difusão ampla, mas ao "preço da transformação do objeto em imagem, do som em modulação". Para que as ditas artes-relé "possam aspirar à condição de arte, poderemos estar certos de encontrar a origem dessa arte nos embates que os homens do rádio e do cinema terão travado com suas restrições essenciais".

    Signos. Por que o rádio e o cinema atraíram tanto as atenções de Schaeffer? Porque, ele mesmo explica na página 74, ambos "reencontram o pensamento a partir das coisas (...), a linguagem é propriamente simbolista e idealista, produz signos; o rádio e o cinema são realistas e naturalistas, não são signos do homem, mas sinais que lhe ensinam os objetos". Rádio e cinema dão forma a objetos que lhes são exteriores. Ora, este foi justamente o seu norte o tempo todo: construir uma música que dispensasse intermediários como a notação escrita e tomasse como ponto de partida os próprios objetos sonoros. É o que chamou de "escuta reduzida", ou seja, ouvir os objetos sonoros em si. Abrir os ouvidos para o mundo, sem intermediário algum. É, a um só tempo, o pré-parto da música concreta que ele inventaria em 1948 e também aguda análise do rádio e do cinema nos anos 40 do século passado. Daí a imensa atualidade, e outro tanto de lições, desse magnífico Ensaio.

    JOÃO MARCOS COELHO É JORNALISTA E CRÍTICO MUSICAL, AUTOR DE NO CALOR DA HORA (ALGOL)

    Disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110305/not_imp687950,0.php

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  4. Acesse, leia, assista, escute!!!

    http://www.lastfm.com.br/music/Pierre+Schaeffer

    http://www.youtube.com/watch?v=N9pOq8u6-bA

    http://www.youtube.com/watch?v=2oBcM1xxmeQ&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=x2qPccm8YrI&feature=related

    http://www.artistdirect.com/nad/store/artist/album/0,,1543016,00.html
    http://web.mac.com/carlosguedes/iWeb/HTM/Media_files/Schaeffer-1.pdf

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  5. O mundo de Schaeffer
    Em junho de 1953, em Paris, por iniciativa do Grupo de Pesquisas de Musica Concreta da Radio-Televisão Francesa, e sob a direção de Pierre Schaeffer, realizou-se a "Primeira Decada Internacional de Musica Experimental". A esse acontecimento "La Revue Musicale" dedicou um numero especial, aparecido em maio do corrente ano. A razão desse atraso de quatro anos na publicação da revista é explicada pelo seu diretor, Albert Richard, que confessa ter sido assaltado por duvidas e uma certa inquietação. Temia ele que seu lançamento no mundo internacional da musica desencadeasse um "desvio" de certos valores por parte dos jovens musicos, demasiadamente sedentos de novidade e de aventura mecanica. Pois o numero fazia "uma proposta das mais tentadoras a todos os jovens, um convite por demais insistente no sentido das musicas eletronicas", sugerindo uma especie de "poema da aventura, a oferta de um país estranho e de continentes novos abertos á curiosidade dos exploradores". Atualmente (com ou sem razão, o que agora não vem ao caso), a Revista considera o perigo superado, acreditando que os moços não mais correm o risco de perder-se nesse fabuloso país da Pesquisa. E assim veio á luz um documento interessantíssimo, apresentando exatamente a mesma materia e a mesma redação que deveriam ter sugerido quatro anos atrás. De maneira prudente, a Revista conservou a advertencia inicial aos leitores: "Ousamos esperar que todos os amigos da musica compreenderão a importancia extrema deste numero especial. Seu conteudo indica, no conjunto, uma das fases mais agudas da musica do seculo XX. Sem tomar posição quanto aos problemas que ele coloca, a Revista Musical se devia a si mesma um tal documento, o primeiro a precisar o sentido de uma experiencia, e digamos, talvez de descobertas, cujos limites e futuro são ainda impossiveis de determinar... Pensamos não exagerar ao dizer que ele encerra a mensagem mais perturbadora para a musica de hoje... Nossa neutralidade de opinião é total, mas não subestimamos de modo algum a importancia dos valores debatidos".

    leia tudo em....


    http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,o-mundo-de-schaeffer,687890,0.htm

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  6. Profe, adorei o livro que iremos debater hj, quero os primeiros capítulos! gostaria de avisar que hj na reunião levarei uma caloura, ela irá participar como voluntária =D todos os bolsistas aprovam?? beijos

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  7. legal este tema que reune desde as primeiras abordagens que tivemos sobre musica na faculdade e de todas as reflexoes que envolvem os sons e ruidos e o que acretimos ser ou nao ser musica ateh o ultimo textos que lemos que traz esta questao bem forte da maneira como é abordada e da fundamentação que precissamos ter pra trabalhar isto em sala de aula

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  8. Acredito que nossas oficinas vão explorar várias possibilidades de se fazer música sem notas musicais por meio práticas diversificadas. no caso da nossa pretendemos trabalhar com paisagem sonora, isso possibilitará que os alunos percebam que todos os sons que estão ao seu redor ou em seu próprio corpo podem ser usados para fazer música, pois somos seres sonoros, cada movimento do nosso corpo produz sons por mais que sejam fracos, se houver uma formas de capta-los e amplia-los podem se tornar matéria prima para a música.
    o uso de softwares para manipular sons de paisagens sonoras, de instrumentos musicais, instrumentos alternativos, músicas variadas e qualquer outro som possibilitará que os alunos da oficina experimentem fazer música sem tem que saber tocar um instrumento ou entender de notas musicais.
    com essas práticas podemos responder 3 perguntas:
    É POSSÍVEL PRODUZIR MÚSICA COM QUALQUER SOM?
    HÁ MÚSICA ALÉM DAS NOTAS MUSICAIS?
    COMO ASSIM? MÚSICO QUE TOCA COMPUTADOR?

    já a pergunta :

    E OS DJ? SÃO MÚSICOS?

    se pensarmos em música como organização de sons e silêncio, a resposta é sim.
    pois os Djs a duração das músicas e o intervalo entre uma e outra, ainda pensam na sonoridade de cada música para executar as sequências.

    quanto ao repertório dos alunos, é de suma importância apresentar a eles o máximo de estilos de música de várias épocas, para que eles possam criar, pois terão maior referêncial, podendo se apropriar das várias formas de fazer música inovando ou reconstruirdes o que já existe...

    beijos

    by Kelly

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