segunda-feira, 25 de julho de 2011

JOGANDO COM OS SONS: EXPERIÊNCIAS DA OFICINA NO PIBID-ARTE

JOGANDO COM OS SONS

Rafaella Fritz (UNICENTRO) Caliandra Rosa da Silva (UNICENTRO) Daiane Solange Stoeberl da Cunha (UNICENTRO), Janete Kosniski Montani (UNICENTRO) e-mail: rafafritz_10@hotmail.com

Universidade Estadual do Centro-Oeste, Setor de Ciências Humanas Departamento de Arte Educação, Guarapuava - Paraná.

Palavras-chave: Arte-Educação, Educação Musical, Práticas Pedagógicas.

Resumo:
Este resumo apresenta a Oficina de Jogos Musicais/Teatrais desenvolvida pelo Subprojeto Pibid-Arte, realizada no Colégio Ana Vanda Bassara no primeiro semestre de 2011. Abordamos o planejamento, a metodologia, a fundamentação das propostas que tem como base utilização dos jogos e as características do som para a construção de cenas musicais.

Introdução

Neste resumo apresenta-se o desenvolvimento e análise da pesquisa realizada na oficina de jogos musicais/teatrais realizada no Colégio Estadual Ana Vanda Bassara Guarapuava/PR à um grupo de alunos de 5ª a 8ª série, como atividade extra-curricular, sendo que no próximo semestre será desenvolvida no Colégio Estadual Manoel Ribas como previa o subprojeto de Arte - PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Capes/Cnpq.
Com base nos questionários aplicados em dezembro de 2010 para identificar os anseios e desejos dos alunos em relação à disciplina de Arte, e a necessidade do cumprimento da lei, parágrafo 6º do artigo 26 da LDB 9394/96, que institui a música como conteúdo obrigatório do componente curricular, elaboramos uma das quatro oficinas do projeto. Ambas as oficinas, relacionam as demais áreas da arte com a música, pois em análise dos resultados da pesquisa realizada em ambos os colégios, a música foi apontada como preferência e lacuna na aprendizagem da disciplina de arte.
A oficina foi organizada em 12 encontros semanais com duas horas de duração, tendo como base a utilização de jogos lúdicos. A oficina oferece a oportunidade aos alunos de exploração e ampliação de vivências sonoras e corporais, possibilitando a experimentação e a investigação do ambiente e do próprio corpo de acordo com suas possibilidades para produção de cenas musicais.
A oficina foi fundamentada nas propostas do livro “Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical“, de Teca Alencar de Brito, no qual são relatadas experiências educacionais de uma oficina, além de modelos de improvisação, reflexões de questões essenciais à pedagogia musical que nortearam Koellreutter como educador. Na sua metodologia a criação tem grande importância e a improvisação é uma ferramenta fundamental para a aprendizagem, o permite a vivência e conscientização de questões importantes de tolerância, respeito, capacidade de compartilhar, criar, refletir etc.
Partindo também do livro “Improvisação para o teatro” de Viola Spolin nos focamos no capitulo 1 onde são apresentados alguns aspectos da espontaneidade, sendo um deles o jogo, no qual se desenvolve a liberdade pessoal necessária para a própria atividade:

As habilidades são desenvolvidas no próprio momento em que a pessoa esta jogando, divertindo-se ao máximo e recebendo toda a estimulação que o jogo tem para oferecer - é neste exato momento em que ela esta verdadeiramente aberta para recebê-las. (SPOLIN, 2005, p.4)
Metodologia:

A oficina que teve início no mês de maio e terminou em julho, proporcionou aos acadêmicos bolsistas nesses dois meses a oportunidade de vivenciar a prática docente efetivamente. O primeiro passo foi o planejamento e a elaboração das aulas, depois a organização do material que seria utilizado em cada aula, pensando sempre na otimização do tempo para a execução de cada atividade. Posteriormente a efetivação do planejamento foi registrada em relatos diários, coleta de imagens e vídeos, os quais foram analisados a fim de realizar um novo planejamento que busque a ampliação o conhecimento dos alunos e acadêmicos.
A relação aluno-professor estabelecida foi importante para o desenvolvimento da oficina. Aos alunos da oficina foi possível propor um contato maior com os elementos do som, momentos de criação, investigação sonora e corporal, instigando a sensibilidade, a percepção sensorial por meio dos jogos teatrais.
Todas as atividades propostas foram de caráter teórico-prático, partindo de conhecimentos prévios que os alunos têm sobre som, ruído, silêncio e noções sobre os elementos constituintes do som, passando também pelo conceito de “Paisagem sonora” através do reconhecimento de espaços e lugares. Todas essas atividades foram construídas passando pela execução dos jogos de improviso, resultando na constituição de ideias, cenas e personagens trabalhados individualmente e em grupo para atingir os objetivos propostos.
Durante o processo da oficina sempre nos utilizamos do cotidiano do aluno, trazendo questões do seu dia-a-dia. Todas as práticas eram desenvolvidas por todos, não levamos respostas prontas, já que todo professor deve se permitir ensinar diferente, fazendo de uma classe um lugar de aprendizagem, de experiências e descobertas. Um local totalmente criativo, onde não haja respostas pré-estabelecidas, onde todos solucionem os problemas. Onde o professor lance questões iniciais e depois torne-se um aluno como os demais da turma (SCHAFER, 1991).
É importante entender que os jogos propostos não devem ser vistos como fórmulas fechadas a serem seguidas na íntegra, mas sim como ponto de partida para as práticas, proporcionando um fazer musical consciente, crítico, analítico e criativo, adequando-os à realidade de trabalho, as necessidades e interesses dos alunos e incorporando-os às demais atividades do processo de educação musical.

Resultados e Discussão

Em nosso primeiro dia de oficina trabalhamos com os alunos questões referentes ao som, ruído e silêncio, com a finalidade de sondar seus conhecimentos. Experimentamos sons, ruídos e silêncio, assistimos alguns vídeos do Stomp, Barbatuques e Uakti. Nesse momento sentimos a necessidade de orientar os alunos a respeito de aspectos a serem observados nos vídeos, como os materiais utilizados e a forma de execução. Feito isso exploramos sons de objetos que haviam na sala de aula, separando-os em sopro, percussão, fricção, raspagem.
Após explorar diversos sons, cada aluno investigou e selecionou sons para mostrar pra toda turma. Fomos regendo o grupo e compusemos algumas sequências sonoras. A partir da composição, passamos para o registro sonoro, para o qual cada aluno escolheu um som criando um símbolo visual, que representasse as características sonoras. Esse símbolo visual foi usado para criar partituras alternativas, primeiramente individuais e em seguida em pequenos grupos. Cada grupo ensaiou sua partitura apresentando-a posteriormente. Essas práticas são analisadas por Brito (2001, p.92):

A necessidade de organizar signos geradores de formas, de pesquisar e experimentar materiais sonoros, a vivência do silêncio e das características do som, da relação entre a duração da improvisação e o interesse provocado no ouvinte, do contraste entre elementos de redundância e de informação, de um novo conceito de tempo, dentre outros aspectos, podem ser trabalhados por meio da improvisação em contextos que devem valorizar também a reflexão do fazer.

Para trabalhar as características do som - timbre, altura, duração, intensidade - criamos alguns jogos capazes de relacionar o sonoro e o corporal ao mesmo tempo, possibilitando a compreensão das questões relacionadas as características do som, percebidas também corporalmente pelos alunos. Esses experimentaram momentos de improvisação, a partir de uma característica do som, por exemplo a intensidade, que mostrada através de emoções eram criadas cenas com características particulares, envolvendo questões relacionadas ao dia-a-dia. Segundo Koellreutter é importante perceber que por meio do trabalho de improvisação abre-se espaço para dialogar e debater com os alunos e assim introduzir conteúdos adequados (BRITO, 2001).
As propostas não foram abandonadas posteriormente, mas reutilizadas para criação de cenas musicais, com o uso do próprio corpo, com instrumentos convencionais e alternativos. Durante as propostas seguintes o nosso foco foi a paisagem sonora, escutamos alguns sons característicos de determinados locais, lembramos dos sons da nossa casa, da escola, do trânsito, da floresta, etc. Gravamos sons de um local escolhido e depois tentamos reproduzi-los individualmente e em duplas.

Conclusões
Vimos que no processo da educação musical torna-se importante a inserção do corpo como instrumento de aprendizagem. Nosso corpo pulsa, move-se, com movimentos voluntários e involuntários, vive ritual e cria reflexos, pausa e muda constantemente. A musicalidade está inserida no nosso corpo naturalmente, apenas sugerimos a atenção a isso. Os alunos criaram esse autoconhecimento através dos jogos, e observaram o som, os ritmos, as qualidades sonoras e as organizações musicais por meio dos jogos.
Verificamos por meio da análise da oficina que o jogo possibilita o sujeito superar limites acerca da timidez, da dificuldade de oratória, da necessidade interpretativa e do senso critico, interagindo com o outro.
As oficinas foram experiências processuais, onde cada sujeito teve a possibilidade de inserir-se dentro de seu limite corporal e a interação com o grupo. Pudemos observar que na medida em que trabalhamos com os jogos, os alunos agiram criativamente, permanecendo mais disponíveis e envolvidos com as propostas.
Em suma nossa experiência como professores nas oficinas foram de grande valia, acreditamos que o processo resulta em maior qualidade quando levamos em consideração as limitações dos nossos alunos, e ainda, atrelando seus conhecimentos aos novos vivenciados na oficina.

Referências

BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educacao musical. Sao Paulo: Peiropolis, 2001.

SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. Sao Paulo: Ed. da Unesp, 1991.

SPOLIN, Viola. Improvisacao para o teatro. 4.ed. Sao Paulo: Perspectiva, 2005.

2 comentários:

  1. Parabéns a todos os pibidianos pelos Projetos desenvolvidos nesta etapa.
    Espero que as experiências vividas neste projeto possam qualificar nossas praticas docentes em arte.
    E bom trabalho na próxima etapa!
    Prof Daiane

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  2. Acredito que devam estar com expectativas semelhantes as nossas em ministrar a oficina para um público maior, em minhas primeiras aulas já senti um pouco da dificuldade de prender a tenção de uma turma, ainda mais se tratando de mostra de repertório com vídeos, pois os alunos ficaram alvoraçados com algumas imagens....

    as inquietações foram interessantes, ainda tem muito por vir ...

    espero que sejam boas experiências!!!

    para todos nós!!!

    Boa sorte a todos

    beijos By Kelly

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