segunda-feira, 11 de julho de 2011

UMA PROPOSTA DE ENSINO DE ARTE/TECNOLOGIA

UMA PROPOSTA DE ENSINO DE ARTE/TECNOLOGIA

Graciana Iribarrem dos Santos (PIBID-Arte- CNPq-UNICENTRO), Kelly Furlanetto Soares(PIBID-Arte- CNPq-UNICENTRO), Luciana de Fátima Corrêa dos Santos(PIBID-Arte- CNPq-UNICENTRO), Evelyn Forquim Buco Gandra, (PIBID-Arte- CNPq-UNICENTRO), Daiane Solange Stoeberl da Cunha (orientadora), e-mail: dai_flc@yahoo.com.br
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Setor de Ciências Humanas Letras e Artes, Departamento de Arte-Educação, Guarapuava-PR.

Palavras-chave: Arte- Educação, Dança, Música, Práticas Pedagógicas.

Resumo:

A oficina intitulada “Dos fios de cabelo à ponta dos pés” está sendo desenvolvida no Colégio Manoel Ribas no primeiro semestre de 2011, como ação do subprojeto Arte do PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, vinculado ao Capes/Cnpq desenvolvido por docentes e acadêmicos do curso de Arte-Educação da Unicentro. O projeto proporciona aos aprendizes experimentações de novas formas de arte por meio da tecnologia, uso de softwares de edição de áudio e vídeo, em vivências visuais, corporais e sonoras.

Introdução

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID atua como política pública educacional, vinculado ao CNPq que propõe o aprimoramento da formação de acadêmicos em licenciatura. O subprojeto de Arte-Educação tem como parceiro o Colégio Estadual Ana Vanda Bassara e o Colégio Estadual Manoel Ribas nos quais o projeto se desenvolve.
O PIBID Arte vem contribuindo no processo de valorização e qualificação do ensino de Arte na educação básica e ainda, na efetivação do ensino de música nas escolas, obrigatório nesta disciplina de acordo com a lei nº 11.769, que acrescentou o parágrafo 2°. no Artigo 26 na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 (BRASIL, 2011).
Nesta temática muitos aspectos podem ser discutidos, entretanto dois deles nos chamam mais a atenção o desafio eminente na utilização das novas tecnologias, e a obrigatoriedade e qualidade do ensino musical. Devido a carência de profissionais qualificados para este ensino e também pelo interesse demonstrado pelos alunos, apontados nas respostas à um questionário prévio aplicado nos colégios em que o projeto é desenvolvido, os quais apontaram que a música é a área da arte de maior interesse, esta oficina tem como um dos seus objetivos apresentar propostas de aulas de música a fim de minimizar as dificuldades docentes ao lecionar seus conteúdos na escola, tendo como cerne da sua metodologia a abordagem da arte/tecnologia com práticas contemporâneas.
Assim, o objetivo deste resumo é apresentar uma prática significativa para uma melhor formação dos autores envolvidos neste processo, desde os alunos da educação básica, os acadêmicos, os supervisores -professores da educação básica- até os docentes do ensino superior, evidenciando assim perspectivas viáveis de melhoria da educação em Arte, e que, sobretudo, tem se notado nas diversas intervenções do projeto.
As ações desenvolvidas pelo PIBID-Arte envolvem o fazer docente em seus aspectos teórico e metodológico. Tanto a inserção dos acadêmicos no ambiente escolar, quanto à investigação sobre o ensino de arte dentro da escola permitem a reflexão crítica sobre a prática docente dentro e fora da sala de aula.

Metodologia

A oficina ocorre em três módulos, o primeiro tratou especificamente da música, sensibilização, conteúdos, recursos, manipulação e composição através de softwares. Trabalhamos com o conceito e a composição musical de paisagem sonora, por meio da sonoridade dos ambientes do cotidiano dos educandos, e ainda, partituras gráficas, técnica vocal, percussão corporal, objetos sonoros, instrumentos e materiais alternativos.
O segundo módulo tratou da dança, sensibilização e investigação corporal e a produção de vídeo-dança. Esse processo iniciou com conscientização corporal, apropriação e transformação de movimentos do cotidiano. Após ocorreu a produção de um vídeo-dança com a utilização de software de manipulação de vídeo, com o qual se manipulou imagens das investigações que se deram a partir de exercícios e técnicas de dança contemporânea primando por uma poética pessoal dos alunos.
O terceiro módulo que está em andamento, se detém na integração e dissociação dos aspectos sonoros e corporais.

Resultados e Discussão

No primeiro encontro tivemos nove participantes, fizemos provocações sobre composição e gosto musical. Quando questionados sobre o silêncio, uma das alunas respondeu que silêncio absoluto não existe. Para confirmar tal afirmação propomos aos alunos que tentassem ficar em silêncio total. Entretanto durante essa tentativa continuamos ouvindo sons produzidos naturalmente pelo corpo. Segundo Gandra, práticas como essa contribuem para a ampliação do universo sonoro do indivíduo.“Percebe-se que a educação musical tem como um dos seus objetivos a sensibilização, considerando os interesses e iniciativas do educando a partir da ampliação do universo sonoro, da expressão e experimentação musical através de sua vivência”. (GANDRA, 2008, p.15).
Após introduzimos o conceito de “paisagem sonora” e fizemos práticas de escuta do ambiente escolar. Como tarefa solicitou-se que os alunos se reunissem em grupos ou duplas e gravassem sons de uma paisagem sonora escolhida pelos integrantes para a próxima aula. Porém nenhum dos grupos executou a tarefa, apenas um aluno trouxe três sons que gravou na cozinha de casa. Acreditamos que poderíamos ter dado mais exemplos, levando gravações de paisagens sonoras, destacando alguns sons, ou ainda poderíamos ir com eles a um local e lá fazer uma experiência de captação de sons. Talvez essas alternativas teriam sanado o problema do desenvolvimento da aula seguinte.
No encontro posterior improvisamos performances musicais, onde cada participante foi um instrumento musical como: violão, pandeiro, bateria, fuzileiro, e outros. Fizemos algumas composições instantâneas, onde cada instrumentista, tinha autonomia para decidir a sua hora de “entrada” e “saída” bem como, as suas pausas e variações das qualidades do seu próprio som. O resultado foi muito satisfatório.
Durante a aula de técnica vocal, explanamos sobre os cuidados com o aparelho fonador, exibimos vídeos das diferentes formas de compor música com o uso da voz, após fizemos experimentações e composições usando essa forma de expressão. Uma das alunas havia levado o violão e tocou algumas músicas para a turma, os demais presentes dançaram e cantaram.
Quanto ao conteúdo de percussão corporal, também ocorreu exibição de vídeos e após gravação de sons produzidos com o corpo e objetos sonoros. Utilizamos registros e partituras feitas anteriormente pelos alunos para compor uma partitura gráfica mista usando todos os elementos sonoros trabalhados desde a primeira aula, um dos alunos criou sua partitura no quadro e a professora registrou a mesma no papel. Foi feita a captação da execução da partitura, e somando com demais registros musicais o aluno manipulou todos os sons arquivados ao longo do processo para compor uma música no software Audacity®.
Essa etapa ocorreu devido às nossas inquietações da inclusão das novas tecnologias no trabalho artístico, que tem sido uma grande dificuldade dos professores não só na disciplina de arte como nas demais áreas do conhecimento. Estamos em constante fase de desenvolvimento, e devemos acompanhar as novidades para situar nossos alunos quanto às novas formas de arte.

[...] a revolução tecnológica da comunicação e da informação afetou diretamente não só os modos de reprodução musical, mas também a própria produção musical [...] A experiência musical não é mais a mesma dos séculos anteriores. Assim, é bastante pertinente o desenvolvimento de projetos que explorem os recursos tecnológicos para a produção e apreciação musical (programas de estúdio que possibilitem a combinação de diversos sons para compor músicas.” (GRANJA, 2006, p.113.)

O módulo de dança iniciou com percepção e sensibilização corporal. Trabalhamos os fatores de movimento, variando os mesmos, fizemos investigações de movimentos do cotidiano e sensações provocadas por eles para composição coreográfica. Ocorreram questionamentos sobre o conceito de dança, suas variações, suas especificidades e sua relação com a música. Durante as práticas cada participante propôs uma sequência de movimentos, sendo que algumas foram executadas pelos colegas. Chegado o término das experimentações contamos apenas com uma aluna, que a partir de uma poética pessoal compôs células de movimento integrando todas as práticas corporais realizadas ao longo desse módulo. Esse processo estimula o desenvolvimento das habilidades corporais dos alunos para que possam compor a partir de seus saberes corporais.

As crianças precisam desenvolver as habilidades e conhecimentos necessários para criar, modelar e estruturar movimentos em forma de dança expressiva [...] muitas vezes, usa os movimentos espontaneamente, variando seus gestos e dinâmicas para expressar seus sentimentos e idéias. [...] Com suas habilidades e conhecimentos desenvolvidos, elas poderão ser capazes de criar danças mais complexas, as quais terão uma estrutura clara, incluindo aspectos interessantes de composição, tal como desenvolvimento de tema e repetição.(FREIRE, 2001, p.5)

Nos últimos encontros ocorreu a manipulação dos registros captados ao longo do processo para a criação de um vídeo-dança, utilizamos o software Movie Maker® para esta composição.
Grande parte das dificuldades encontradas durante o desenvolvimento da oficina se deve às questões que envolvem a dinâmica escolar, horário da oficina, restrição da utilização de equipamentos e dos espaços. Destacamos que, ações de contra turno escolar exigem um hábito dos estudantes para tal freqüência e ainda, há a necessidade de efetivar práticas que envolvam maior número de alunos, possibilidade esta, a ser realizada no segundo semestre, em nova oferta da oficina durante as aulas da disciplina de Arte.

Conclusões

As práticas realizadas pelos bolsistas do PIBID-Arte têm alcançado os objetivos do programa, principalmente no que se refere à qualificação da formação docente e das práticas pedagógicas na educação básica e no ensino superior. Observamos que tanto as ações que obtiveram resultados positivos, quanto às dificuldades enfrentadas pelos agentes do projeto, promoveram a aprendizagem. Assim, a evasão dos participantes da oficina devido ao horário e ao clima desfavorável, um dos problemas enfrentados no desenvolvimento da oficina, proporcionou reflexão e enfrentamento diante das possíveis dificuldades que futuramente serão submetidos os arte-educadores no fazer docente apesar de todos os desafios enfrentados procuramos seguir o planejamento e realizar todas as atividades propostas adaptando quando necessário, buscando alternativas, flexibilizando as ações e nos momentos de discussão sobre o andamento da oficina com o restante dos bolsistas, realizamos análise crítica sobre o ambiente escolar.
As pesquisas e práticas nesse campo são incipientes e apesar dos aspectos negativos é possível perceber que as maiores contribuições dessa experiência docente foram o planejamento e a auto avaliação do processo de desenvolvimento da proposta, pois após a verificação e análise dos problemas enfrentados ocorreu nosso amadurecimento profissional. Assim poderemos reformular o projeto a fim de aplicá-lo em outro momento, local e participantes.

Referências

GANDRA, Evelyn Forquim Buco. Sensibilização Sonora: Uma Prática da Arte- Educação, Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, 2008.
GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos. Musicalizando a Escola: Música, Conhecimento e Educação. São Paulo:Escrituras Editora, 2006.
FREIRE,Ida Mara. Dança educação: O Corpo e o Movimento no Espaço do Conhecimento, Cadernos Cedes, ano XXI, n. 53, abril/2001.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares da rede pública de educação básica do estado do Paraná. Curitiba: SEED, 2006.

5 comentários:

  1. gente este foi um desafio muito bom pra nosso aprendizado e a cada dia muitas duvidas e possiveis soluções vinham nosso aprendizado estrapolava o lado profissional pelo menos pra mim foi muito além foi uma formação humana

    lu

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  2. ops--> SENTIREI FALTA DOS ALUNOS!!!

    BY KELLY

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  3. Meninas, fico satisfeita com o que observo em vcs, seu crescimento por meio das experiências vividas no pibid.
    Façam deste tempo o alicerce forte para a construção profissional de vcs.

    Planejamento, fundamentação teórica, execução, analise critica, auto-avaliação, replanejamento... Este ciclo vivido, vital para a boa pratica docente.
    Prof Daiane

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  4. Eu também estou satisfeita. Apesar do número de alunos reduzido, tive oportunidade de ministrar práticas que ainda não havia experênciado em sala de aula.
    Ainda o processo de pesquisa para cada aula, e para o projeto em questão, nos aproximou do ideal de um professor pesquisador. Procurei desmistificar o uso da tecnologia nas aulas de arte. O número reduzido de alunos acaba contribuindo para o processo, e nesta etapa nossos resultados foram positivos pelo menos com o módulo relacionado a música.Agora teremos oportunidade de estar numa sala regular, nos aproximando ainda mais da realidade que pretendemos enfrentar em nossa profissão.

    beijos

    Kelly

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