segunda-feira, 23 de novembro de 2015

ATUAÇÃO DO PIBID- MÚSICA/UNICENTRO NO PROJETO DE ENSINO CONSOM: UMA ABORDAGEM DIDÁTICA DA ARTE CONCEITUAL E SONORA
Bruna Carolina Antonete (PIBID-MÚSICA - UNICENTRO), Fernanda Naiara Bráz (PIBID-MÚSICA - UNICENTRO), Graziela Costa (PIBID-MÚSICA - UNICENTRO), Larissa Lorena de Oliveira(PIBID-MÚSICA - UNICENTRO), Andreia Martins (PIBID-MÚSICA - UNICENTRO), Daiane Solange Stoeberl da Cunha (Orientador). E-mail: dai_flc@yahoo.com.br

LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES, ARTES.
Palavras-chave: Arte contemporânea, Ensino de Arte, Metodologias, PIBID.
Resumo:
O projeto de ensino ConSom buscou trabalhar a arte contemporânea na escola pelo viés do ensino da Arte Conceitual e da Arte sonora. Foram desenvolvidas dez aulas durante o projeto, o qual foi implementado em onze turmas de ensino fundamental em dois Colégios da Rede Pública da Ensino de Guarapuava, no Paraná.  Durante a realização do projeto buscou-se aproximar os alunos à arte contemporânea refletindo também sobre o próprio cotidiano dos alunos. A metodologia adotada no projeto promoveu a experiência da vivência criativa em sala de aula.

Introdução

Ao notar que o ensino da arte contemporânea na escola tem sido muito discutido nos dias atuais, e que ao inseri-la no espaço escolar, principalmente nas aulas de arte, é uma das formas de tentar dirimir a falta de conhecimento desta arte por parte da sociedade, o PIBID – Música desenvolveu no ano de 2015 o projeto de ensino ConSom em duas escolas da cidade de Guarapuava, no Paraná.
Colocar o aluno frente ao seu cotidiano, refletindo sobre o que este tipo de arte quer passar, foi um dos objetivos presentes no projeto. Além de que a partir do viés do ensino da arte conceitual e sonora possamos formar alunos com maior autocrítica, autorreflexão e autoconhecimento.
Através deste resumo será possível conhecer um pouco do trabalho realizado nas escolas pelo Pibid nas escolas, passando por uma breve contextualização teórica sobre o surgimento da arte conceitual, arte sonora e a importância de se ensinar arte contemporânea no espaço escolar. Assim como, será possível conhecer as metodologias utilizadas ao longo das 10 aulas que foram aplicadas ao longo do projeto, finalizando com a conclusão, onde se mostra importância da realização de um projeto como este.

Revisão de Literatura
O termo arte conceitual foi utilizado pela primeira vez na década de 1960, pelo grupo Fluxus, e foi definido como o tipo de arte que usa como material o conceito.
ANDREI (2008) argumenta que, na arte conceitual, a discussão não é mais em torno da realização do produto artístico (visto que este não precisa mais ser desenvolvido tecnicamente pelo artista). A ideia é ressaltar o conteúdo da obra e trazer a discussão sobre o valor artístico do objeto de arte:

Em sua definição mais ampla possível, então, o conceitual na arte significa uma crítica ampliada da coesão e da materialidade do objeto artístico, uma crescente cautela em relação a definições da prática artística como puramente visual, uma fusão da obra com seu local e contexto de exibição, e uma ênfase maior sobre as possibilidades do caráter público e da distribuição das obras de arte (ALBERRO, apud ANDREI, 2008, p. 20).

A arte vem intervir no olhar do espectador tendo ele uma visão crítica de arte ou não, fazendo quem quer que a encontre pensar a respeito. Para VAZ (2010) o público tem consciência do sistema da arte que permite apreender o conteúdo das obras, mesmo que ainda o estado contemporâneo gere duvidas e incompreensões pelo fato de se referir a um período muito recente que se instaura e os códigos vigentes terem se transformado rapidamente nas últimas décadas.
Como arte sonora, CAMPESATO (2007) define aquela que surgiu na década de 1970 e integra música, artes visuais e arquitetura. Ela se assemelha a arte conceitual por buscar novas formas de interligar expressões artísticas fugindo do academicismo e produzindo novos conceitos e produtos artísticos que não cabem nas classificações tradicionais da arte. Nessa área de confluência das artes foi produzido um processo de hibridização dos elementos som, tempo, espaço e imagem (CAMPESATO; IAZZETTA, 2006).
Dentro da arte sonora, a arte conceitual permite estabelecer relações entre outros questionamentos trazidos pelos materiais e formatos; a possibilidade de experimentação não só com o som, mas também com o tempo e o espaço, em especial através da instalação. Segundo CAMPESATO e IAZZETTA (2006) o espaço passa a fazer parte da obra. Não é somente a qualidade acústica do espaço que assume importância, mas a totalidade de sentidos gerados pelo espaço como: cor, textura, dimensão, superfície, projeção, forma e imagem; pois cada um desses elementos pode assumir um significado importante dentro da obra.
Os autores ainda ressaltam a diferença da percepção musical em uma obra de arte sonora, se diferenciando do que as pessoas estão acostumadas a presenciar em salas de concertos. O tempo empregado nesse tipo de arte é condensado ou suspenso. O início e o fim são demarcados conforme o interesse de cada espectador, em que capta um significado imediato e a relação com os outros elementos não temporais que estão presentes na obra, dizem respeito ao espaço e o conceito aplicado nela (CAMPESATO; IAZZETTA, 2006). Como a produção de arte sonora está muito relacionada às instalações artísticas elas acabam propondo novas relações espaciais e temporais, modificando o ambiente e discutindo sobre a questão do tempo (CAMPESATO, 2007).
Segundo CAMPESATO (2007), outro fato importante a ser falado é a conceptualização da arte e a influência que recai na prática do artista, onde ele sai da posição individual e mistificada, para ser um observador do mundo em que está inserido se apropriando das características deste para produção do seu trabalho artístico. A arte sonora também traz valores da música eletroacústica, que conforme CAMPESATO (2007) se baseia na ideia de John Cage de fazer da música uma área de invenções e um artista que busque novos meios de criação e experimentação sonora, lançando um novo conceito.
A arte conceitual, assim como a arte sonora tem ampliado sua presença para além dos museus e galerias, podendo trazer grande contribuição no ambiente escolar. O caminho para a apresentação destes assuntos pode ser através de contextualizações teóricas, vídeos, imagens, diálogos e experimentações para que o aluno possa aumentar seu conhecimento e repertório, assim como propor criações artísticas para que os estudantes possam vivenciar o processo de criação em arte. Ao se abordar a arte contemporânea em sala de aula o educador tem a oportunidade de apresentar uma arte que proporciona diversas experiências e que está mais próxima do cotidiano do educando. Por fim, desenvolver o conhecimento, a capacidade crítica e criativa são alguns dos objetivos que o ensino da arte contemporânea vem buscando no espaço escolar, o que entra em consonância com os objetivos do presente projeto.

Por meio da arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação apreender a realidade do meio ambiente desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade a mudar a realidade que foi analisada (BARBOSA, 2002, p.18).

Resultados e Discussões
            O desenvolvimento do projeto ConSom no Colégio Estadual Professora Leni Marlene Jacob se deu com a participação de cinco turmas do 7º ano do ensino fundamental II, no Colégio Bibiana se deu com seis turmas de sexta, sétimo, oitavo e nono anos do fundamental II. Durante seu desenvolvimento o projeto passou por diferentes etapas. Primeiramente desenvolvemos aulas de cunho teórico sobre arte conceitual, foram levados diferentes materiais para melhor compreensão dos alunos. Toda a teoria exposta até então serviria como base para o auge do projeto, a criação de uma escultura sonora. Durante esse processo de criação, houve diferentes etapas a serem realizadas como: idealização do projeto, onde deveriam expor suas ideias, pensando no que se iria explorar e quais materiais seriam utilizados. Dependendo da turma, foram usadas linguagens e materiais diferenciados. Os resultados esperados do projeto foram obtidos, pois proporcionamos aos alunos a experiência de reflexão, conhecimento e criação em arte.

Conclusões
A vivência diária da docência, é de extrema importância para os alunos de cursos de licenciatura, enquanto professores em formação, permitindo a avaliação dos pontos positivos e negativos, para futuramente propor aos alunos.
Vivenciar o processo de planejamento, aplicação e acompanhamento da criação artística possibilita simultaneamente conhecer a teoria e experimentar e dividir as habilidades no fazer artístico com os colegas, entre os diversos desdobramentos da proposta no contexto de ensino de Artes.
O fazer musical, trabalhado em sala de aula, por meio da pesquisa, manipulação e criação de sons, possibilita ao aluno a compreensão das manifestações e expressões musicais que estão a todo momento presentes à sua volta, por meio inclusive da observação do trabalho dos colegas durante as exposições dos trabalhos feitos. Outra grande contribuição compreende entender a música como algo que pode ser manipulado, algo dinâmico e acessível e que a música pode não ser somente apreciada, mas criada.  
O contato com os alunos e a integração no cotidiano escolar, proporcionou um conhecimento amplo de como é a dinâmica da sala de aula, melhorando assim as práticas de docência na esfera da Arte.

Referências
ANDREI, C.B. A Arte Conceitual e o Espectador. 2008. 92p. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Artes. 2008. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp080927.pdf Acesso em: 20/08/2015.
CAMPESATO, L; IAZZETTA, F. Som, Espaço e Tempo na arte sonora.  XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM). Brasília, 2006.
CAMPESATO, L. Arte Sonora: uma metamorfose das Musas. 2007. 173 f. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002. 

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