terça-feira, 6 de julho de 2010

Como "matar" um professor

Gilberto Dimenstein


Há uma série de pesquisas mostrando o enorme estresse a que é submetido um professor, especialmente de escola pública, traduzindo-se em vários tipos de doenças, como ansiedade ou depressão. Ao perder o encanto de ensinar, ele estará, enquanto profissional, morto, esperando a aposentadoria.

Todos falam em inúmeros fatores por trás desta "morte": classes superlotadas, falta de estrutura das escolas, pais desinteressados, alunos violentos, poucos estímulos para premiar o mérito etc. Há, porém, um fator pouquíssimo comentado -e, na minha opinião, é dos piores porque se associa ao mau desempenho nas notas e favorece comportamentos violentos.

Tenho recebido uma série de estudos que revelam a altíssima incidência, nas escolas públicas, de doenças e distúrbios psicológicos em estudantes. Falamos aqui em no mínimo 30% dos alunos, alguns dos quais simplesmente não enxergam ou ouvem direito. Só a dislexia pode estar atingindo 15%. Temos na sala de aula um desfile de enfermos sem cuidados apropriados.

Isso significa que os governos deveriam ajudar as escolas a enfrentar problemas que não podem ser resolvidos pelos professores, a começar pela saúde chegando até a assistência social; filhos de famílias desestruturadas tendem a ter problemas em sala de aula. Exige-se, assim, um olhar mais sofisticado diante da educação.

Como esse olhar não existe e cada repartição do governo trabalha isoladamente, o professor acaba vítima de tensões que vão muito além da sala de aula. Esse é um dos fatores que explicam o enorme absenteísmo e rápida rotatividade em escolas públicas tanto de estudantes como dos professores.

Nessa "morte" do professor, a maior vítima, claro, é o lado mais frágil --o aluno, acusado de ser culpado por não aprender. E, aí, quem "morre" é o aluno, que passa a não ter interesse pelo conhecimento.



http://www.udemo.org.br/Leitura_18.htm




muitos de nós tem presenciado depoimentos de professores e professoras descontentes com a situação da educação publica no Brasil. E temos ouvido histórias de professores afastados por estres e depressão. “Professore” que não veem a hora de chegarem as férias, os feriados e fins de semana. Porem muitos “alunos”, não mostram o menor interesse pelas aulas e também desejam que o tempo na escola passe rápido. Alunos estes que como temos debatido em nossas reuniões e podemos observar também no texto a cima podem vir de famílias desestruturadas e ter problemas físicos ,psicológicos ou cognitivos que dificultem o aprendizado e a relação professor-aluno. A vida em sociedade é cheia de regras e deveres, onde nossos direitos são comunitários, e com a diversidade de opiniões, até mesmo nossas necessidades básicas são regidas por um grupo de pessoas seletas, e nem sempre são realmente as necessidades de todos os indivíduos dessa comunidade. Isso me faz lembrar da música Comida de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto.

bebida é água.
comida é pasto.
você tem sede de quê?
você tem fome de quê?
a gente não quer só comida,
a gente quer comida, diversão e arte.
a gente não quer só comida,
a gente quer saída para qualquer parte
a gente não quer só comida,
a gente quer bebida, diversão, balé.
a gente não quer só comida,
a gente quer a vida como a vida quer.
bebida é água.
comida é pasto.
você tem sede de quê?
você tem fome de quê?
a gente não quer só comer,
a gente quer comer e quer fazer amor.
a gente não quer só comer,
a gente quer prazer pra aliviar a dor.
a gente não quer só dinheiro,
a gente quer dinheiro e felicidade.
a gente não quer só dinheiro,
a gente quer inteiro e não pela metade.
bebida é água.
comida é pasto.
você tem sede de quê?
você tem fome de quê?
O que poderia ser feito para dar uma injeção de animo nos professores e nos alunos? Será que verificar as necessidades dos mesmos seria um bom começo?

5 comentários:

  1. Muito bem!
    esse foi um dos textos que me propus a comentar e aí vai meu parecer:

    O autor legitima um problema que pude comprovar nesses meses de observações pelo Pibid e se constatam também nas conversas com professores-amigos, atuantes na rede de ensino tanto pública quanto particular.

    Dos motivos citados a causa mortis dos professores (classes superlotadas, falta de estrutura das escolas, pais desinteressados, alunos violentos, poucos estímulos para premiar o mérito) levanto outros dois aspectos não apontados: a pressão enfrentada pela equipe pedagógica (na questão de notas) e a marginalização da disciplina, caso característico da Arte.

    Um ponto que achei muito relevante e que de fato nunca havia pensado nele dessa forma é perceber que os sintomas da doença do trabaho do professor são reflexo das doenças e distúrbios psicológicos dos estudantes.

    Os relatos dos professores que já atuam comprovam que essa é uma situação cada vez mais comum, e os laudos e orientações para posturas específicas que o professor deve ter diante a determinados alunos são dados como se fosse normal e fácil o professor lidar com um grupo de 40 alunos com distúrbios variados.

    A psicologia educacional, presente em todos os currículos de licenciatura, não prepara para essa situação e muitas vezes não alerta ao preparo psicoemocional exigido do profissional da educação. Como todo professor é um ser humano, o tratamento que dá as situações que vão além do conteúdo na sala de aula – as interpessoais – dão-se pela subetividade, e a partir delas vemos professores amargurados, depressivos ou então num extremo de violência e agressividade.

    A partir daí vira notícia e cada vez mais comuns são as notícias a esse respeito.

    A solução mais comum nesse sentido é o afastamento temporário de professores a beira de um ataque de nervos e investimentos da parte desse em remédios e terapias, em quanto um soldado se recupera da batalha, outro assume seu lugar até que ele possa reabilitar-se e enfrentá-la novamente. O que pouco se vê é investimento nas causas da guerra.

    Exigem-se paradoxais professores – e alunos – cada vez mais humanos (/ humanizados) e cada vez mais fortes.

    Vini
    (:

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  2. Realmente a falta de investimentos pode ser um dos principais motivos dessa cituação só piorar. Acredito que se tivessemos menos alunos por turma já iria ser uma vitória, pois como nos outros textos que nossos colegar trouxeram, acredito na importancia de conhecer a realidade dos alunos, e de se planejar as aulas conforme essa realidade, mas como são muitos alunos muitas vezes o professor nem lembra dos nomes dos alunos, quanto menos como ele percebe e ve o mundo. se tivessemos menos alunos por turma poderiamos pelo menos tentar adequar nossos planejamentos, e atender melhor as necessidades educacionais dos alunos e alunas.
    Poderiamos enxergar os problemas dos alunos, e direcionar um ensino varido para os mesmo, mas como se encontram as salas de aula e as leis no momento, tem dias que a vontade é de "sentar e chorar", nesses momentos nos perguntamos: o que estou fazendo aqui? será que é minha culpa?

    by: Kelly

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  3. Eu Gracy me propus a comentar este texto também, e apesar de ser curto o seu conteúdo é enorme, pois aponta para um problema alarmante na nossa educação atual.A caótica situação psicológica do professor tem o extinguido da sua profissão.O interessante é a visão que o comentarista teve ao perceber que o estress e a depressão em professores são basicamente causados pela desestrutura familiar e emocional (psicológica) dos próprios alunos, que os impedem de aprender e muito menos respeitar o professor como autoridade.

    Sobre o comentário da Kelly também partilho da mesma opinião, acredito que o governo deveria sim, trabalhar em parceria com a educação a fim de sanar este problema que também é de ordem pública. Concordo que se tivéssemos menos alunos em sala de aula e pudéssemos os assistir e conhecer melhor poderíamos ajudá-los individualmente.
    Gracy

    23 de julho de 2010 05:01

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  4. Gostei do que o Vini falou comparando com um campo de batalha, substituindo um professor ao outro enquanto um se recupera o outro assume a frente..
    Mas, as vezes parece que estamos lutando sozinhos, que o nosso comando (governo, estado, etc.) está com o rádio desligado e não conseguimos transmitir mensagens de "professor ferido!!!"

    Isso é complicado. Realmente muitos fatores podem resultar o desânimo tanto nos alunos quanto nos professores. Problemas psicológicos, na família, físicos podem ser fatores que levem alunos a serem desinteressados com o ensino.
    Mas, eu atribuo essa “morte” não só ao desinteresse de alunos, mas também aos próprios professores que, executam a atividade porque são apenas concursados e/ou nunca tiveram uma paixão ou interesse real pela educação. Pois estes, muitas vezes, podem ter “empurrado com a barriga”, e o aluno não é idiota, ele sabe quando o professor está dando qualquer coisa na aula. Fazendo com que o aluno generalize a figura do professor na sala de aula. – Isso mata o professor!!!!

    A escola é um segundo lar, podemos fazer amigos que se tornam mais chegados que um irmão, conhecemos a mãe do amigo fulano onde pode-se encontrar a figura de mãe que nunca teve em casa. Compartilhar com essas situações faz parte do educador... Perder a paixão pela educação é o que não podemos nos permitir. Realmente ouve-se falar da tal doença do professor que, não agüenta mais a sala de aula, de tanto stress com alunos “pentelhos”... Mas, vamos combinar que ninguém é de ferro, nem tem sangue de barata, férias da sala de aula às vezes são necessários para o professor recompor-se, buscar novas metodologias de ensino, diferenciadas... Podendo voltar à sala de aula descansados e prontos para uma nova jornada, com novos desafios.

    Eu, compartilho da ideia de assistir e conhecer melhor os alunos, podendo atendê-los de maneira mais apropriada de acordo com a limitação individual. Como fazer isso?? Menos alunos?? Talvez, não tenho uma opinião além das que já coloquei acima.
    No momento é isso...

    Cynthia.

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  5. Galera trago mais uma inquietação.... As turmas da noite geralmente tem alunos mais velhos e que trabalham...Imaginem agora esses "corpos" (corpo e mente) cansados e saturados na sexta feira a noite... agora imaginem a ultima aula de sexta .... e os alunos matando aula... o que fazer nessa hora.... alguem tem culpa???

    é....

    é....

    nem sei o qu edizer...

    by Kelly

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